Transfofa em Blog

Um espaço especial e pessoal, para dar relevo a cada momento único - Bem Vind@ ao meu Blog!

domingo, julho 02, 2006


Para se ler o artigo todo, cliquem no link abaixo


Depois de amanhã, pelas 9h30 horas, começam a ser julgados no Tribunal de Menores do Porto os 13 rapazes suspeitos da morte de Gisberta, a transexual espancada e lançada a um poço, ainda viva, em Fevereiro passado. São acusados de homicídio tentado e de ocultação de cadáver, num processo que poderá terminar com penas de internamento em regime aberto ou semiaberto. Cinco menores acusados de assassinarem Gisberta faziam parte de um grupo de adolescentes e jovens que se autointitula The Gang. Ficaram “tristes” com o crime, mas fazem a defesa dos amigos.


Foi por aqui que fiquei a saber mais algumas coisas sobre este diabólico caso, por exemplo que "Gisberta pediu ajuda antes de ser lançada ao poço – estava viva e os jovens sabiam-no.". Que "se apurou que durou dois dias a agressão dos menores, que passou por vários actos violentos e sevícias sexuais à vítima indefesa. Gisberta estava viva e pedia ajuda, cerca de 48 horas depois do primeiro acto de violência, e, mesmo assim, os rapazes nunca terão admitido pedir auxílio. Terão tentado incendiar o cadáver, só abandonando a ideia por temerem as consequências. Optaram por lançar a vítima ao poço, com mais de 15 metros de profundidade, levando a que Gisberta morresse afogada.".


E, pasme-se, que o Ministério Público "entende não ser possível demonstrar que foram eles que lhe causaram a morte. Gisberta morreu por afogamento, conforme confirma a autópsia, depois de os menores a terem alegadamente atirado a um poço." Quer dizer, se eu agarrar no corpo de alguém e obrigar essa pessoa a permanecer debaixo de água até morrer, também nunca seria acusada de homicídio qualificado, visto essa pessoa ter morrido por afogamento?????, somente homicídio tentado?????? Não sou doutorada em leis, sou somente uma pessoa comum que lê estas coisas e depois pensa: "Mas isto é uma palhaçada? Estão a brincar com o meu senso comum? Então se a Gisberta morreu afogada POR A TEREM ATIRADO AO POÇO isso não conta nada? Já agora culpe-se a Gisberta por não saber nadar e por isso ter morrido afogada, sempre se desculpava mais um bocadinho os miúdos (miúdos? na minha mente, miúdos não fazem coisas destas).


Por isso mesmo "embora defenda que os jovens tinham consciência de que Gisberta estava viva e que ouviram os seus pedidos de auxílio, o Ministério Público entende não ser possível demonstrar que foram eles que lhe causaram a morte.". Isto é, no mínimo, ridículo, um absurdo de tal tamanho que só me ocorre uma pergunta: ISTO È UMA CABALA PARA DESCULPABILIZAREM UNS JOVENS INOCENTES?. Só pode mesmo... (ou então é da hora a que estou a escrever estes pensamentos, mas no meu pensamento, jovens não fazem destas coisas).


Mas para mim a coisa ainda piora quando, no entendimento de uma "fonte judicial": São miúdos, aquilo foi uma brincadeira que correu mal. Um acto grave, claro, mas devemos marcar os rapazes para a vida toda, não os deixar voltar a ter uma vida normal?. Não entendo como se pode considerar vários actos violentos e sevícias sexuais a uma vítima indefesa como uma brincadeira. Posso estar a ser burra, e desculpem-me por isso, mas não entendo.


Quer dizer, eu também fui criança, fiz as minhas asneiras e sinceramente nunca mas nunca pensei fazer algo deste género. Para mim miúdos não fazem destas coisas. E se o fazem agora, não será por não haverem exemplos que lhes mostrem que está errado? Chegámos ao cúmulo de se desculpabilizar um assassinato com a juventude, a suposta idade da inocência. Mas isto cabe na cabeça de alguém???? Serei eu que estou a ficar senil e não veja a lógica subjacente?


Muito sinceramente pergunto-me se a Gisberta fosse filha de alguma alta personalidade do nosso país, seria o Ministério Público tão brando? Ou será porque ela era transexual? Ou será porque ela era toxicodependente? Ou será porque ela era sem-abrigo? Ou será porque ela era seropositiva? Ou por tudo isto ao mesmo tempo?


Com exemplos destes, claros como água na minha opinião (apesar das dúvidas do Ministério Público), como é que alguém pode confiar no nosso sistema judicial?