Muito se tem falado ultimamente sobre discriminação. É o primeiro-ministro a levantar a bandeira contra as discriminações, são os padres em pânico com a possibilidade do casamento se alargar aos casais homossexuais, afirmando no entanto que não se trata de discriminação, enfim...

Afirmam os prelados que o alargamento do casamento aos casais homossexuais é um perigo para a sociedade. OK. E no entanto ainda não li declarações onde seja explicado ao comum dos mortais em que reside esse perigo. Que dizem isso, já se sabe, aliás, não é nada de novo. O que seria novo era explicarem onde reside o perigo para a sociedade.

Também afirmam que defendem os valores sociais dos casamentos hetero. Mas que valores são esses? Que valores são tão bravamente defendidos que têm como seu produto seres como aqueles que tão barbaramente torturaram Gisberta? Sim, porque, salvo erro, nenhum era filho de um casal não hetero.

Também os homossexuais, que tanto terror inspiram em certas mentes, são todos (não conheço nem ouvi falar de nenhum que não o seja) produtos de casais hetero. Afinal que valores são estes que produzem homossexuais?

O caso de Joana, a criança cujo corpo nunca foi encontrado, terá acontecido por o drama ter tido como protagonistas pessoas ou casais homossexuais? Não, tudo indica que todos os intervenientes eram hetero, portanto representativos dos valores que a Igreja defende.

Mais, a maior parte da criminalidade provém de casais hetero. Portanto as perguntas mantêm-se: que valores são estes que com tanto afinco são defendidos tão obtusamente pela Igreja? E qual o perigo representado pelos casais homossexuais ao casamento civil e à sociedade?

Por outro lado, temos um primeiro-ministro que quer levantar a bandeira contra a discriminação existente ao negar-se o direito de casar a pessoas simplesmente por terem uma orientação sexual diferente da maioria. Louvável a todos os níveis, no entanto não passando de uma mera declaração de intenções.

Porque, se realmente sente que existe uma discriminação, deveria legislar no sentido de acabar com ela, e não debater. Debater o quê, se já se sabe que é uma discriminação? Debater se se deve manter essa discriminação? Qual o sentido de haverem pessoas que se querem casar e haver outras pessoas que nem sequer sabem da sua existência a autorizarem ou não o casamento?

E já agora, senhor primeiro-ministro, não sabe que existem ainda pessoas que são ainda mais discriminadas do que os homossexuais? Não sabe, por exemplo, que discriminação contra qualquer pessoa devido à sua orientação sexual já é proibida pela constituição, enquanto a discriminação pela identidade de género continua a ser omitida? Que uma pessoa que queira fazer o seu processo de transexualidade, se for casada tem que se divorciar, sendo isto uma lesão grave dos direitos de qualquer cidadão perpretada pela Ordem dos Médicos (que não me parece ter autoridade nenhuma sobre o estado civil de qualquer paciente do Serviço Nacional de Saúde)?

Pois, se calhar as pessoas transexuais não representam tantos votos assim, não é?

Espera-se que os movimentos LGBT, que tão céleres foram em defender a causa transexual quando do assassinato de Gisberta, façam lembrar estes casos ao nosso primeiro, e aos partidos parlamentares que serão nossos aliados, pois o silêncio existente de todas as partes contradiz a vontade expressa por todos de defenderem os direitos das pessoas transexuais.


[Natureza]

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[Portugal]

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[Bicentenário]
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[Spain]
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[New Zealand]
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[Guyana]
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Seven men, who were found dressed in female’s clothing, were each ordered to pay a court fine of $7,500 when they appeared yesterday before Acting Chief Magistrate Melissa Robertson at the Georgetown Magistrate’s Court.

[Isle of Man]
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[MA, USA] [News/Commentary]
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