Imaginem este cenário: uma mulher, transexual, marcada pelo cessar de uma relação de um ano e tal, pelos trintas, bonita, sensível, conhece um homem sensivelmente da mesma idade pela net.
Conversam durante uns tempos e ele faz-lhe uma proposta. Ela, ainda ferida e confusa, aceita, para mitigar um pouco a sua dor e pensando que talvez fosse dessa vez que encontraria alguém, aquela pessoa que há tanto procura.
A coisa acontece, corre normalmente, e a vida regressa à monotonia diária de alguém que se sente terrivelmente só. Desde esse dia não mais se encontraram, somente contactando pelos chats da net.
Algum tempo depois, já tendo falado bastante, encontram-se uma noite de fim de semana, já de madrugada, acabados de chegar a casa. Ele tinha estado com um amigo, tinham bebido, e parecia meio tocado. E apesar de ter o dever de já a conhecer um mínimo, convida-a para “ir” com ele e o tal amigo, como se ela existisse para dar prazer, como se não existisse como pessoa, como mulher, como ser sensível, como se não existissem sentimentos.
Obviamente, ela recusou. Ele insistiu e ela tornou a recusar. Então ele pediu para ela “ir” só com ele, sem compromisso claro. Apenas uma boa noite de sexo. Uma boneca insuflável daria o mesmo resultado mas claro que não seria a mesma coisa, afinal uma transexual sempre responde quando se fala com ela, e interage mais intensamente que uma boneca.
De resto, estas atitudes só dão origem a este tipo de comparações. Como sempre uma mulher transexual nada mais é para os homens do que um objecto sexual para se usar uma noite, com possibilidades de se poder usar mais algumas, pois compromissos com transexuais é coisa de meter medo e repulsa ao mais bravo dos bravos. Afinal quem ama uma boneca insuflável? As bonecas são para se usar enquanto durarem, mais nada. Quando já se está cansado delas manda-se para o lixo.
Muitas vezes me tenho perguntado como nos vêem os nossos supostos tlovers e/ou admiradores. Já alvitrei que nos viam como mulheres com extras, bichinhas, gays com a mania que são mulheres, etc. Mas pensando bem, estou a achar que afinal nos vêem como meras bonecas, coisas sem sentimentos que só servem para esvaziar nelas a luxúria e o desejo que lhes grassa na alma, e da qual as respectivas esposas estão impossibilitadas de satisfazer, devido á falta dos “extras”.
Somos transexuais, logo existimos para dar prazer. Sentimentos estão proibidos, relacionamentos nem pensar, amizades só na net, cafés a grande maioria das vezes fica-se pelo carro, que assim ninguém vê com quem estão. Ou então é um café e acabou-se, já fizeram o penoso dever de serem vistos publicamente com um desses seres aberrantes.
Conversam durante uns tempos e ele faz-lhe uma proposta. Ela, ainda ferida e confusa, aceita, para mitigar um pouco a sua dor e pensando que talvez fosse dessa vez que encontraria alguém, aquela pessoa que há tanto procura.
A coisa acontece, corre normalmente, e a vida regressa à monotonia diária de alguém que se sente terrivelmente só. Desde esse dia não mais se encontraram, somente contactando pelos chats da net.
Algum tempo depois, já tendo falado bastante, encontram-se uma noite de fim de semana, já de madrugada, acabados de chegar a casa. Ele tinha estado com um amigo, tinham bebido, e parecia meio tocado. E apesar de ter o dever de já a conhecer um mínimo, convida-a para “ir” com ele e o tal amigo, como se ela existisse para dar prazer, como se não existisse como pessoa, como mulher, como ser sensível, como se não existissem sentimentos.
Obviamente, ela recusou. Ele insistiu e ela tornou a recusar. Então ele pediu para ela “ir” só com ele, sem compromisso claro. Apenas uma boa noite de sexo. Uma boneca insuflável daria o mesmo resultado mas claro que não seria a mesma coisa, afinal uma transexual sempre responde quando se fala com ela, e interage mais intensamente que uma boneca.
De resto, estas atitudes só dão origem a este tipo de comparações. Como sempre uma mulher transexual nada mais é para os homens do que um objecto sexual para se usar uma noite, com possibilidades de se poder usar mais algumas, pois compromissos com transexuais é coisa de meter medo e repulsa ao mais bravo dos bravos. Afinal quem ama uma boneca insuflável? As bonecas são para se usar enquanto durarem, mais nada. Quando já se está cansado delas manda-se para o lixo.
Muitas vezes me tenho perguntado como nos vêem os nossos supostos tlovers e/ou admiradores. Já alvitrei que nos viam como mulheres com extras, bichinhas, gays com a mania que são mulheres, etc. Mas pensando bem, estou a achar que afinal nos vêem como meras bonecas, coisas sem sentimentos que só servem para esvaziar nelas a luxúria e o desejo que lhes grassa na alma, e da qual as respectivas esposas estão impossibilitadas de satisfazer, devido á falta dos “extras”.
Somos transexuais, logo existimos para dar prazer. Sentimentos estão proibidos, relacionamentos nem pensar, amizades só na net, cafés a grande maioria das vezes fica-se pelo carro, que assim ninguém vê com quem estão. Ou então é um café e acabou-se, já fizeram o penoso dever de serem vistos publicamente com um desses seres aberrantes.
Somos inteligentes? Quem quer saber? Somos sensíveis? Problema nosso. Queremos ser amadas? Credo, que manias que temos. Somos acompanhantes? Ahh assim sim, isso é que está certo, cada coisa no seu devido lugar....
5 Comments:
At 24 novembro, 2005 14:40, Anónimo said…
Há sempre a possibilidade de se dizer NÃO A esse tipo de convites. Para além disso gostei da correspondência univoca do "...E apesar de ter o dever de já a conhecer um mínimo..." pois é uma observação injusta pois a inversa também é verdadeira, isto é, ela também tem o dever de o conhecer um minimo...
Já agora gostava de saber como acabou a "estória" só para ver até onde foi a coerência...
At 24 novembro, 2005 21:13, Unknown said…
E nunca sugeri que ela não o conhecesse, mas o ponto fulcral da questão NÃO ESTÁ na maneira em como ela o via, mas sim na maneira como somos vistas, pensava que no post isso estava bem explícito, mas afinal parece que não está. Tal como o final da "estória" que pensava também estar explícito: ela obviamente não cedeu, e ele sem outra hipótese foi pregar para outra freguesia.
At 29 novembro, 2005 20:59, Anónimo said…
Esse processo de autovitimização da população trans é algo que me aflige, afinal eu tb sou transexual e que eu saiba sou eu quem decide usar (e até abusar) dos homens que pela minha vida vão passando, e imagino-me a ouvilos queixarem-se de serem abusados por algumas de nós jajajajajaja. Compreendo a necessidade de nos sentirmos amadas e desejadas pelos parceiros/as, mas parece-me que isso é algo que se conquista com muito trabalho no desempenho da nossa personalidade para que aos outros seja transmitida outra imagem que a de mera boneca de borracha, afinal so temos o que merecemos......Generalizar na prespectiva da infeliz cuja opção a condena á solidão inevitável parece me perigoso, porque nos atira para um patamar que não merecemos nem contribui para o desenvolvimento da personalidade das gerações de trans do futuro, no fundo estamos a passar uma imagem que as vai traumatizar para alem do trauma que so por si supõe o reconhecimento da sua identidade trans.
At 29 novembro, 2005 22:56, Unknown said…
Pois Jó, cada uma age de acordo com o que pensa e sente, mas não me parece que andar-se a ter o mesmo tipo de atitudes que têm para connosco nos traga muitos benefícios. No meio de tudo isto, fica atitude por atitude, usamos e somos usadas, portanto não vejo a razão de ser da tua opinião expressa, se o que fazes é o que nos fazem só que ao contrário. Obviamente que, sendo o objectivo deles terem uma noite de sexo com uma trans, nem tinham motivos nenhuns para se queixarem, pois sempre conseguiram o que queriam. Mas acho que te afastaste um bocado do foco do post, que não era sobre os nossos sentimentos íntimos, mas sobre a maneira como somos vistas por sermos trans. AQUI é que bate o ponto fulcral do post, não nos sentimentos que expressei nele. Qualquer uma de nós pode senti-lo, mas todas sabemos como somos vistas. E tu também o sabes muito bem. Logo, a maneira de tentar mudar isto, pelo menos na minha opinião, não é o sermos como eles, mas sim, aceitarmos a nossa condição de mulheres, transexuais é certo, mas mulheres. E deixarmos de nos portar como gays. Também não vejo como é que isto possa traumatizar as futuras gerações de trans, quando quem se encarregará disso serão os nossos supostos admiradores "tlovers", e elas precisam de saber bem o que as espera quando se assumirem. Jinhos
At 15 dezembro, 2005 15:45, Anónimo said…
e é da discussão que nasce a luz...
mas então andam-se todos e todas a abusar ? e que tipo de abuso?
Sexual? parece-me ser esse ao qual a Berardo se refere...
e será que a Berardo abusa de alguém que não quer ser abusado?
Viola estrupa etc? não me parece...
Por isso quando pensa que abusa não estará a ser afinal abusada?
ou utilizada ?
Ou anda iludida, pelos flashes dos media ?
Essa sensação de Poder da Bernardo,
é muito recente...mesmo muito e... dado que é uma pessoa de negócios não será uma necessidade para sobreviver (intimidando) no mundo machista que ( graças a Deus) tem o falo masculino como bitola de supremacia ?
Ou andamos todos a dormir e a dourar a pílula nas revistas de corte e costura?
Um dos mais famosos modistos da cena fashion internacional quando precisa da presença de uma daquelas top models que iluminam as nossas iris diz para o assistente:
" Manda entrar o cabide ! "
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