Transfofa em Blog

Um espaço especial e pessoal, para dar relevo a cada momento único - Bem Vind@ ao meu Blog!

domingo, junho 11, 2006

Passou o dia 8.

De manhãzinha, eu e a Lara lá fomos bem cedinho para os estúdios da SIC, onde ela iria ser entrevistada sobre os eventos que se iniciavam neste dia, referentes à horrenda morte da Gisberta e as nossas reivindicações.


*reestruturação profunda do sistema de “protecção de menores” em Portugal


*uma política social de assistência a grupos marginalizados – incluindo imigrantes, pessoas com HIV, sem-abrigo, utilizadores de drogas e trabalhadores do sexo – em vez de uma política de exclusão.


*a inclusão explícita da “identidade de género” em legislação anti-discriminatória e protecção na legislação penal face a crimes de ódio motivados pela transfobia.


*iniciativas para promover o conhecimento da situação das pessoas transgénero e o trabalho contra atitudes transfóbicas e homofóbicas, na escola, no local de trabalho, nas forças policias e na população em geral.


*total reconhecimento de género, incluindo o direito de escolher livremente os primeiros nomes e uma lei de “reconhecimento de género” semelhante à “Gender Recognition Act of 2004” britânica.


*tratamento médico de transsexuais menos condescendente, incluindo acesso livre a tratamentos médicos e à livre escolha dos profissionais de saúde, apoio financeiro para cirurgias e tratamentos no estrangeiro, promoção da formação médica correcta para esta área no sistema de saúde português.

Como ela não tem carro, fui lá levá-la. Apesar de ser a primeira entrevista em directo que ela dava, e de no princípio estar bastante nervosa, correu tudo bem.

Podem observar cerca de 1 minuto da dita entrevista clicando no link e depois clicando na foto da Lara que aparece no canto superior direito.


De seguida, lá fomos para as imediações da Assembleia da República, fazer tempo até ao meio dia. Beber uma bica sabe sempre bem nestas alturas.


Ao meio dia lá estávamos. Representantes de vários grupos LGBT, eu, a Lara e a Jó Bernardo como as únicas trans que deram a cara. Parece que o caso da Gisberta e as nossas reivindicações não interessam á comunidade trans. Será?


Segundo as informações que tenho, em Coimbra e no Porto foi casa cheia. No Porto inclusivé muitas trans apareceram e participaram no debate que se seguiu à apresentação do filme sobre a Gisberta. Vamos a ver como será cá no dia 28...


Público, Sexta-feira, 09 junho 2006 - Sociedade Pg 36

Manifestantes lançam alerta para situação de "exclusão extrema" dos transexuais


Foto de PEDRO CUNHA(clicar para máximo tamanho)

(também estou na foto, descubram lá onde...)




Envergavam T-shirts com as frases "Gisberta: proibido esquecer, necessário prevenir" e "Um rosto a não esquecer" e máscaras com a face da transexual assassinada no Porto, em Fevereiro. Não foram mais de uma dúzia os que marcaram presença na acção de protesto contra a "situação de exclusão extrema" em que os transexuais vivem, ocorrida ontem, na escadaria principal da Assembleia da República (AR), em Lisboa.



"Ajudar as ‘Gisbertas’ que são vítimas neste país e dizer não à transfobia" foi o mote, como explicou ao PÚBLICO a transexual Lara Crespo, em representação da AT, associação para o estudo e defesa do direito à identidade de género.



A iniciativa, que reuniu movimentos como Panteras Rosa, Rede Ex-Aequo, @t, Não Te Prives, Clube Safo e Opus Gay, foi a primeira de uma série de eventos a realizar por todo o país, até sábado. Foi ainda reproduzida por movimentos de países como a Áustria, Alemanha, Brasil, Espanha e Itália, junto de embaixadas e consulados portugueses. António Serzedelo, presidente da Opus Gay, presente na acção, considerou que "o Governo, a opinião pública e o Presidente da República têm que lançar um olhar sobre estas questões de exclusão social e direitos humanos".



Responsáveis pela gestão do espaço da AR acabaram por recolher a identificação dos organizadores da iniciativa, por desconhecerem a sua realização. S.M.


Público, Sábado, 10 junho 2006 - Sociedade Pg 23
Documentário sobre Gisberta exibido no Porto


ANA CRISTINA PEREIRA
Activistas tentam mostrar transfobia da sociedade portuguesa, numa tentativa de impulsionar uma mudança



A Academia Contemporânea do Espectáculo, no Porto, abriu anteontem à noite as portas para a exibição de Gisberta Liberdade, um documentário realizado por activistas da European Transgender Network (federação de transgéneros de toda a Europa). Um modo de marcar o "dia internacional de luta contra a transfobia em Portugal".



Gisberta era transexual, sem-abrigo, toxicodependente, imigrante, prostituta, seropositiva e tuberculosa. Foi morta em Fevereiro deste ano, no Porto. Um grupo de jovens é suspeito do crime. Sérgio Vitorino, do Movimento Parentas Rosa, avisou: "O documentário, que a homenageia, é obra de activistas sem qualquer experiência de produção e realização audiovisual. Foi feito com um orçamento doméstico, sem qualquer pretensão artística, com muita vontade de mudar o mundo".



O que se seguiu – após uma interessante curta-metragem de fabrico caseiro em que um transexual expunha o seu processo de mudança – foi mais de uma hora de depoimentos cruzados com imagens que, sobretudo, ambicionavam ser metáfora. Os entrevistados não somavam mais do que uma dúzia, deixando sentir a necessidade de encurtar os seus discursos e introduzir outras vozes. Muitas críticas Há uma dura crítica aos media. A mesma das vigílias: o terem revelado "desconhecer" a diferença entre travesti e transexual, entre homofobia e transfobia, entre orientação sexual e identidade de género.



Alguns activistas GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgéneros) referem até "cobertura enganosa".



A Igreja católica, responsável pela instituição onde estavam internados muitos dos menores acusados de terem assassinado Gisberta, é acusada de ter "lavado as mãos". Espaço ainda para atacar o poder judicial e político, mas também para um mea culpa das associações GLBT.



O que sobressai do documentário é a noção de que o somatório de exclusão atingido por Gisberta Salce Júnior espelha a marginalização avque os transexuais (sobretudo os masculinos-femininos) são votados em Portugal: toda a sociedade discrimina. Enfrentam dificuldades de acesso ao sistema nacional de saúde, ao mercado de trabalho, a actos tão corriqueiros como abrir uma conta bancária.



O dia de ontem, como explicou Sérgio Vitorino, encerrava uma extensa lista reivindicativa, nomeadamente "protecção na legislação penal face a crimes de ódio motivados pela transfobia" e o "total reconhecimento de género, incluindo o direito a escolher livremente os primeiros nomes". No fundo, uma lei de género como a espanhola..



Houve debate. Rute Bianca ficou emocionada: "Obrigada por estarem a fazer isto por nós. Vocês são os nossos braços, as nossas pernas, os nossos olhos, porque nós, transexuais, não podemos fazer isto que vocês estão a fazer. Seríamos logo insultados, apedrejados."



Alguns ecos de acções de cá e do estrangeiro.....

















http://transencolere.free.fr/actu/actu.htm para ver há k fazer download, creio