Foi interessantíssimo, houve debates e workshops sobre temas bastante pertinentes, tais como transfobia, transidentidade entre muitos outros. Deixo-lhes aqui duas fotos da apresentação, com Lara Crespo e Jo Schedlbauer (co-autor do documentário junto com Jó Bernardo).
Mas o regresso é sempre agradável e como lá não tive hipótese de actualizar o blog, estive toda esta semana parada. E é sempre agradável constactar que tudo continua na mesma, até mesmo certos imbecis que insistem em continuarem eternamente a tentarem denegrir os seus inimigos de estimação (já agora vejam este comentário que recebi sobre o mesmo, penso que não há mais nada a dizer, e se quem o escreveu tiver sido quem eu penso que foi, a M..., gostava de ver este anormal a começar a dizer que também não é transexual, lol, era de gritos. Enfim...)
Bem deixemos estas tristes amostras de pessoas mal resolvidas e vamos às notícias que, isso sim, é importante e vale a pena.
Rapazes afirmaram que agrediam transexual para passar o tempo. Psicóloga foca importância de actividades alternativas
Educação complementar, nomeadamente para aceitar a diferença, eis uma componente que faltou aos 13 menores que respondem pela morte de Gisberta, a transexual e sem-abrigo atirada a um poço ainda viva, defendeu uma psicóloga ontem ouvida pelo Tribunal de Família e Menores do Porto.
Os rapazes mantêm-se impávidos no julgamento, que decorre à porta fechada. Quando foram ouvidos - pelo magistrado judicial que preside à audiência e por dois juízes sociais (uma psicóloga reformada e um funcionário da Santa Casa da Misericórdia do Porto) -, explicaram que agredir Gisberta era um "passatempo", uma "brincadeira" frequente. Daquela vez, descontrolaram-se. Espancaram-na, queimaram-na com pontas de cigarro e, "por curiosidade", sujeitaram-na a sevícias sexuais.
A psicóloga foi chamada para ajudar o tribunal a entender o comportamento dos rapazes. Ao que o PÚBLICO apurou, apontou, como um dos principais factores, a ausência de uma "educação complementar" nos centros de acolhimento de menores em risco onde viviam. Talvez não tivessem atacado Gisberta se tivessem actividades desportivas e recreativas, algo capaz de os entreter nos tempos livres. Mas também educação para a cidadania, nomeadamente de promoção do respeito pela diferença.
São menores originários de famílias desestruturadas com carências de diversos tipos, inclusive afectivas. Na origem do crime, que ocorreu em Fevereiro deste ano, terá estado, também, o efeito de grupo. Quando se aperceberam que o resultado das suas acções era mais grave do que supunham, terão entrado em pânico e tentado esconder os factos.
Para além da psicóloga foram ontem ouvidas diversas testemunhas de abonação (familiares e amigos dos menores). Ainda esta semana, deverão depor dois especialistas da delegação do Porto do Instituto de Medicina Legal: um em toxicologia e outro em biologia genética. O primeiro irá abordar os hábitos de consumo de Gisberta, que seria toxicodependente. E o segundo irá falar sobre o estado do seu processo de transformação.
O Ministério Público considera ser impossível determinar que os menores causaram a morte de Gisberta (a autópsia indicou o afogamento como causa do óbito). Pede, então, a sua condenação por homicídio tentado e ocultação de cadáver.
O procurador propõe medidas tutelares de internamento em regime aberto e semiaberto que oscilam entre os 10 e 15 meses. Para os dois rapazes que só terão participado na alegada ocultação de cadáver pretende um rigoroso plano de acompanhamento escolar e familiar. Os menores ter-se-ão revelado dispostos a aceitar tais medidas. A decisão do tribunal deverá ser conhecida na próxima semana.
PÚBLICO de Quarta, 19 de Julho de 2006
Agredir Gisberta foi forma de afirmação perante os pares
O Tribunal de Família e Menores do porto ouviu ontem as considerações de uma socióloga sobre a dinâmica de grupo que estará por trás de comportamentos desviantes como os dos treze menores acusados de terem, em fevereiro deste ano, agredido a transexual e sem-abrigo Gisberta e de a terem atirado para um poço de mais 15 metros de profundidade ainda viva.
Durante a sessão, a socióloga terá defendido que os comportamentos se alteram em grupo, ainda mais em menores como estes, com carências específicas de diversa ordem. O grupo de pares substitui a família no sentido de lhes dar afecto.
Os menores terão agido como se constituíssem um bando. Uns terão dado a ideia e outros ter-se-ão sentido, de algum modo, pressionados para participar nas agressões (físicas e psicológicas) e nas sevícias sexuais. Com códigos de conduta alterados, os menores não terão querido dar parte de fracos. Terão querido afirmar-se perante os pares. Terão entendido que não alinhar seria desprestigiante, motivo suficiente para serem insultados pelos outros.
Alegações finais na segunda-feira
4 Comments:
At 22 julho, 2006 10:40, Anónimo said…
Já me preocupava a falta da "dose diária" de notícias... Agora sei que o breve silêncio foi devido a justíssimas causas. Espero que tudo tenha corrido pelo melhor por Marselha. Será que nos vai presentear com mais algumas notas sobre a experiência?... (além da trabalheira que já tem com o blog?). Bons (e já agora frescos) descanços.
Cumprimentos.
At 22 julho, 2006 10:40, Anónimo said…
Já me preocupava a falta da "dose diária" de notícias... Agora sei que o breve silêncio foi devido a justíssimas causas. Espero que tudo tenha corrido pelo melhor por Marselha. Será que nos vai presentear com mais algumas notas sobre a experiência?... (além da trabalheira que já tem com o blog?). Bons (e já agora frescos) descanços.
Cumprimentos.
At 22 julho, 2006 10:49, Anónimo said…
Há qualquer coisa de estranho com o último post? parece-me causa informática, o texto não aparece totalmente, a não ser que o seleccione.
Cumprimentos,
Já agora apresento-me chamo-me Ana Costa (analogic)
At 23 julho, 2006 07:46, Unknown said…
Minha cara Ana Costa, folgo em saber que visita regularmente o meu blog e espero que o continue a fazer por muito tempo. Respondendo ao seu comentário, penso escrever um relato mais pormenorizado da experiência nas UEEH. Quando não sei, mas penso fazê-lo brevemente. Quanto aos problemas de visionamento de texto, já não é a primeira vez que sucede. Mas já corri o html todo várias vezes e não descubro nada de errado. Inclusivé já pedi ajuda à Lara e nem ela descobriu nada de errado. Assim só posso pensar que seja um problema mais profundo do template, algo que supera os meus conhecimentos. Para já, não sei como resolver isso. Jinhos
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