Já conheci muita gente na minha vida. Muita mesmo. E desde que me descobri, conheci algumas transexuais. Umas que já tinham feito laser ao rosto (ou electrólise), outras que tentavam esconder a pilosidade facial com bases.
No início, também usei bases, claro, para esconder a barba (leia-se pilosidade facial). Mas devido ao tratamento hormonal primeiro (que não resolve o problema da barba nem de perto nem de longe, mas que o suaviza um bocado) e depois devido a uma sessão de laser que lá consegui fazer (continuam a ser proibitivamente caras, mas com resultados à vista logo na primeira sessão. Pelo menos comigo foi assim), o problema diminuíu enormemente. Basta-me rapar a cara de manhã e passo o dia todo na boa.
Há quem rape a cara, embora se diga que fortalece os pêlos (eu nunca dei por isso), há quem os tire com cera (tirei uma vez e jurei que nunca mais me apanhavam noutra), com pinça, sei lá, cada cabeça sua sentença.
Isto tudo para quê? Para que uma pessoa possa andar sossegadamente na rua sem se notar demasiado a masculinidade do corpo em que se nasceu.
Obviamente que é importante, mas com a cosmética que existe hoje em dia, não é exageradamente complicado disfarçar de uma maneira bastante aceitável.
Agora, e pela minha experiência, considero que o principal para se ser aceite é a atitude. Desde que me assumi completamente que vou a todo o lado, na boa, e salvo em situações em que é necessária documentação, sempre fui tratada como a mulher que sou.
Basta ver-se este exemplo: há dois anos, estava eu sensivelmente com um ano de tratamento hormonal, portanto ainda sem grande acção visível do tratamento, dirigi-me a uma loja do cidadão para renovar o BI. Entreguei a papelada com foto actualizada da altura e na data prevista lá o fui buscar. A senhora que me atendeu recebeu o papelinho e foi buscar o novo BI. Quando regressou, olha para o nome, olha para mim e diz-me que não me pode entregar o BI pois tinha de ser o próprio a levantá-lo. Isto sempre a tratar-me como senhora. Fiquei tão estupefacta (nunca me tinha apercebido que já era passável) que teve de ser uma amiga minha que me acompanhava a dizer que o BI era mesmo meu.
Não me considero feminina por aí além, por isso só posso atribuir isto à atitude. E é por isso que acho que a atitude é o principal.
Não menosprezando o resto, é mais por uma atitude de confiança, de se saber quem se é, que passa a aceitação pela sociedade. Não se é mais mulher ou menos por se ter pilosidade facial, há mulheres que sofrem de hirsutismo e ninguém questiona a sua feminilidade. Não se é mais ou menos mulher por se ter uma voz grossa, conheço várias com voz mais grossa que a minha e também ninguém as questiona como mulheres. Não se é mais mulher por se ter peito grande ou pequeno.
Mas quem o seja, tem de o ser naturalmente. Não mudei nada da minha maneira de ser, de reagir, de agir desde que me assumi. E posso ir a qualquer lado que sei que vão sempre tratar-me como a mulher que sou. E ainda tenho pilosidade facial, voz grossa, e nem sequer faço tenções de fazer qualquer cirurgia de feminização facial. Sou assim e pronto.
Também não vou dizer que quem não pense como eu não é transexual e pronto, como certos e alguns. Aceito que pensem de maneira diferente da minha. Mas tenham sempre em conta isto: se são transexuais, andem com confiança. A transexualidade pode não ser motivo de orgulho, mas também não é motivo para se ter vergonha.
No início, também usei bases, claro, para esconder a barba (leia-se pilosidade facial). Mas devido ao tratamento hormonal primeiro (que não resolve o problema da barba nem de perto nem de longe, mas que o suaviza um bocado) e depois devido a uma sessão de laser que lá consegui fazer (continuam a ser proibitivamente caras, mas com resultados à vista logo na primeira sessão. Pelo menos comigo foi assim), o problema diminuíu enormemente. Basta-me rapar a cara de manhã e passo o dia todo na boa.
Há quem rape a cara, embora se diga que fortalece os pêlos (eu nunca dei por isso), há quem os tire com cera (tirei uma vez e jurei que nunca mais me apanhavam noutra), com pinça, sei lá, cada cabeça sua sentença.
Isto tudo para quê? Para que uma pessoa possa andar sossegadamente na rua sem se notar demasiado a masculinidade do corpo em que se nasceu.
Obviamente que é importante, mas com a cosmética que existe hoje em dia, não é exageradamente complicado disfarçar de uma maneira bastante aceitável.
Agora, e pela minha experiência, considero que o principal para se ser aceite é a atitude. Desde que me assumi completamente que vou a todo o lado, na boa, e salvo em situações em que é necessária documentação, sempre fui tratada como a mulher que sou.
Basta ver-se este exemplo: há dois anos, estava eu sensivelmente com um ano de tratamento hormonal, portanto ainda sem grande acção visível do tratamento, dirigi-me a uma loja do cidadão para renovar o BI. Entreguei a papelada com foto actualizada da altura e na data prevista lá o fui buscar. A senhora que me atendeu recebeu o papelinho e foi buscar o novo BI. Quando regressou, olha para o nome, olha para mim e diz-me que não me pode entregar o BI pois tinha de ser o próprio a levantá-lo. Isto sempre a tratar-me como senhora. Fiquei tão estupefacta (nunca me tinha apercebido que já era passável) que teve de ser uma amiga minha que me acompanhava a dizer que o BI era mesmo meu.
Não me considero feminina por aí além, por isso só posso atribuir isto à atitude. E é por isso que acho que a atitude é o principal.
Não menosprezando o resto, é mais por uma atitude de confiança, de se saber quem se é, que passa a aceitação pela sociedade. Não se é mais mulher ou menos por se ter pilosidade facial, há mulheres que sofrem de hirsutismo e ninguém questiona a sua feminilidade. Não se é mais ou menos mulher por se ter uma voz grossa, conheço várias com voz mais grossa que a minha e também ninguém as questiona como mulheres. Não se é mais mulher por se ter peito grande ou pequeno.
Mas quem o seja, tem de o ser naturalmente. Não mudei nada da minha maneira de ser, de reagir, de agir desde que me assumi. E posso ir a qualquer lado que sei que vão sempre tratar-me como a mulher que sou. E ainda tenho pilosidade facial, voz grossa, e nem sequer faço tenções de fazer qualquer cirurgia de feminização facial. Sou assim e pronto.
Também não vou dizer que quem não pense como eu não é transexual e pronto, como certos e alguns. Aceito que pensem de maneira diferente da minha. Mas tenham sempre em conta isto: se são transexuais, andem com confiança. A transexualidade pode não ser motivo de orgulho, mas também não é motivo para se ter vergonha.
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