Iniciei as minhas consultas para a segunda opinião (requisito imprescindível para a continuação do meu processo de transexualidade no Hospital Júlio de Matos, pois sem ela não me podem começar a receitar a medicação nem posso iniciar as minhas consultas em grupo, além de ser requisito obrigatório na finalização do processo na Ordem dos Médicos) no dia 07 de Dezembro de 2006. Inicialmente queriam que fosse a Coimbra, mas depois de eu insistir que estava desempregada e deslocar-me a Coimbra estava fora de questão, fui informada que afinal Coimbra não era obrigatório, podia fazer a segunda opinião em qualquer Hospital com estas consultas específicas, desde que por um médico não pertencente à equipa que me segue, ou seja, um desconhecido em termos de processo. Mesmo se eu quisesse, tinha a liberdade de a fazer no privado (desempregada, lol).
Assim, e por já ter ouvido alguns relatos sobre os procedimentos ultrapassados e querer conhecer por mim própria como se passavam as coisas, decidi-me a fazê-la no Hospital de Santa Maria, que já conhecia sobejamente por acompanhar a Lara às consultas dela.
Assim, no dia 7 de Dezembro de 2006, lá estava eu frente ao Dr. Lourenço Gomes e ao Dr Rui Xavier Vieira, com a Drª Magda Percheiro como assistente. Esta consulta preliminar foi só para dar início ao processo de segunda opinião lá.
As consultas a sério só começaram a 11 de Janeiro de 2007, data da segunda marcação. Estas foram seguidas por consultas a 8 e 15 de Fevereiro e a 13 de Abril. Todas estas consultas foram feitas pelo Dr. Lourenço e pela Drª assistente. Dr Lourenço que parece ter imensos problemas em tratar as pessoas no feminino, pois recusou-se terminantemente a tratar-me pelo meu nome, Eduarda. Ou me tratava pelo meu nome masculino ou por Edu, diminutivo que o satisfazia pois não é “carne nem peixe”, por assim dizer. Não costumo autorizar que me tratem assim, salvo por uma única pessoa, a minha melhor amiga, mas para evitar mais confrontos logo no início, acedi. Para o resto das pessoas sou a Eduarda e ponto final. Claro que em todas as consultas tratava-me como Trans masculino, e eu sempre a dar-lhe em cima que era Trans feminina.
O que estranhei nestas consultas foram as perguntas, muito pouco direccionadas para a minha transexualidade, nem sequer me perguntou quando nem como comecei a ter consciência na adolescência (porque tive). Na minha opinião preocupou-se muito com as minhas definições sobre o que era normalidade e por acontecimentos muito pouco relevantes, pois tive uma infância normal.
Estranhei imenso, quando me disse, a 15 de Fevereiro, que eu teria de fazer testes psicológicos, pois afinal trata-se somente de uma segunda opinião e eu conheço o processo todo de segunda opinião da Lara, que somente teve duas consultas em Coimbra (foi obrigada injustificadamente a lá ir, pois (des)informaram-na que era obrigatório ser em Coimbra pela equipa médica que a acompanha) e não teve de fazer testes de espécie alguma. Comecei a recusar-me a fazer os testes mas depois acedi, desde que me explicassem porque era necessário no meu caso e não o tinha sido no da Lara. Não me soube explicar. Perguntei se era norma do Hospital de Santa Maria, respondeu que não sabia. Aqui passei-me, compreensivelmente, e perguntei se não sabia de nada, então o que é que eu tinha andado a fazer nas 3 consultas anteriores com ele?
Resumindo e concluindo, na última (até agora que o folhetim continua) consulta no dia 13 de Abril de 2007, quem estava lá? O Dr Rui Xavier Vieira e não o Dr Lourenço Gomes como era habitual.
Fez-me as mesmas perguntas que já me tinham sido feitas e marcou-me a consulta seguinte para 28 de Maio, mas em relação ao tratamento chamou-me sempre pelo meu nome, Eduarda. Não escondi sequer que era lésbica, embora não renegue uma ou outra experiência com homens. Finalizou com uma linda pergunta/afirmação (que depois vim a saber que também foi afirmado à Lara) de que se tinha consciência que o meu caso era um caso atípico. Mandou-me ir marcar testes psicológicos ao 6º andar, e deu-me uma carta para apresentar ao Dr Garcia e Costa, que trata da parte endocrinológica em Santa Maria.
Agora pergunto-me eu (e já não falo dos testes, pois vim a saber posteriormente que no Hospital Júlio de Matos também os fazem na segunda opinião) porque carga de água, numa segunda opinião, vou ter consultas de endocrinologia? Essas tenho eu no Júlio de Matos. O que tem a ver a endocrinologia com a minha transexualidade (salvo que a primeira é uma consequência da segunda)?
Também, no caso da Lara foram duas consultas, outros casos que tenho conhecimento foram três, no máximo quatro, eu já vou em seis e pelos vistos está para durar. Não tenho conhecimento de nenhuma segunda opinião que tenha tido consultas de endocrinologia. (Era para já saber o que lá irei fazer, mas o Dr Garcia estava num congresso hoje e só na Quinta lhe posso entregar a carta fechada que o Dr Rui me entregou para lhe entregar em mão. Assim só na Quinta poderei escrever qualquer coisa, se for caso disso.
Claro que não sou uma carneirinha que vai para lá dizer o que eles querem ouvir, para fugir aos problemas e reforçar a ideia que as Trans são sempre assim e assado, quem não o for não é Trans. Não. Eu vou precisamente para mostrar que existem diferenças, que cada caso é um caso e que não sou uma fotocópia das outras que pululam por ai. E escolhi Santa Maria precisamente para observar in loco estas idiossincrasias do nosso Sistema Nacional de Saúde (SNS). E para confirmar que efectivamente o Hospital de Santa Maria neste tipo de consultas é de evitar.
Assim, e por já ter ouvido alguns relatos sobre os procedimentos ultrapassados e querer conhecer por mim própria como se passavam as coisas, decidi-me a fazê-la no Hospital de Santa Maria, que já conhecia sobejamente por acompanhar a Lara às consultas dela.
Assim, no dia 7 de Dezembro de 2006, lá estava eu frente ao Dr. Lourenço Gomes e ao Dr Rui Xavier Vieira, com a Drª Magda Percheiro como assistente. Esta consulta preliminar foi só para dar início ao processo de segunda opinião lá.
As consultas a sério só começaram a 11 de Janeiro de 2007, data da segunda marcação. Estas foram seguidas por consultas a 8 e 15 de Fevereiro e a 13 de Abril. Todas estas consultas foram feitas pelo Dr. Lourenço e pela Drª assistente. Dr Lourenço que parece ter imensos problemas em tratar as pessoas no feminino, pois recusou-se terminantemente a tratar-me pelo meu nome, Eduarda. Ou me tratava pelo meu nome masculino ou por Edu, diminutivo que o satisfazia pois não é “carne nem peixe”, por assim dizer. Não costumo autorizar que me tratem assim, salvo por uma única pessoa, a minha melhor amiga, mas para evitar mais confrontos logo no início, acedi. Para o resto das pessoas sou a Eduarda e ponto final. Claro que em todas as consultas tratava-me como Trans masculino, e eu sempre a dar-lhe em cima que era Trans feminina.
O que estranhei nestas consultas foram as perguntas, muito pouco direccionadas para a minha transexualidade, nem sequer me perguntou quando nem como comecei a ter consciência na adolescência (porque tive). Na minha opinião preocupou-se muito com as minhas definições sobre o que era normalidade e por acontecimentos muito pouco relevantes, pois tive uma infância normal.
Estranhei imenso, quando me disse, a 15 de Fevereiro, que eu teria de fazer testes psicológicos, pois afinal trata-se somente de uma segunda opinião e eu conheço o processo todo de segunda opinião da Lara, que somente teve duas consultas em Coimbra (foi obrigada injustificadamente a lá ir, pois (des)informaram-na que era obrigatório ser em Coimbra pela equipa médica que a acompanha) e não teve de fazer testes de espécie alguma. Comecei a recusar-me a fazer os testes mas depois acedi, desde que me explicassem porque era necessário no meu caso e não o tinha sido no da Lara. Não me soube explicar. Perguntei se era norma do Hospital de Santa Maria, respondeu que não sabia. Aqui passei-me, compreensivelmente, e perguntei se não sabia de nada, então o que é que eu tinha andado a fazer nas 3 consultas anteriores com ele?
Resumindo e concluindo, na última (até agora que o folhetim continua) consulta no dia 13 de Abril de 2007, quem estava lá? O Dr Rui Xavier Vieira e não o Dr Lourenço Gomes como era habitual.
Fez-me as mesmas perguntas que já me tinham sido feitas e marcou-me a consulta seguinte para 28 de Maio, mas em relação ao tratamento chamou-me sempre pelo meu nome, Eduarda. Não escondi sequer que era lésbica, embora não renegue uma ou outra experiência com homens. Finalizou com uma linda pergunta/afirmação (que depois vim a saber que também foi afirmado à Lara) de que se tinha consciência que o meu caso era um caso atípico. Mandou-me ir marcar testes psicológicos ao 6º andar, e deu-me uma carta para apresentar ao Dr Garcia e Costa, que trata da parte endocrinológica em Santa Maria.
Agora pergunto-me eu (e já não falo dos testes, pois vim a saber posteriormente que no Hospital Júlio de Matos também os fazem na segunda opinião) porque carga de água, numa segunda opinião, vou ter consultas de endocrinologia? Essas tenho eu no Júlio de Matos. O que tem a ver a endocrinologia com a minha transexualidade (salvo que a primeira é uma consequência da segunda)?
Também, no caso da Lara foram duas consultas, outros casos que tenho conhecimento foram três, no máximo quatro, eu já vou em seis e pelos vistos está para durar. Não tenho conhecimento de nenhuma segunda opinião que tenha tido consultas de endocrinologia. (Era para já saber o que lá irei fazer, mas o Dr Garcia estava num congresso hoje e só na Quinta lhe posso entregar a carta fechada que o Dr Rui me entregou para lhe entregar em mão. Assim só na Quinta poderei escrever qualquer coisa, se for caso disso.
Claro que não sou uma carneirinha que vai para lá dizer o que eles querem ouvir, para fugir aos problemas e reforçar a ideia que as Trans são sempre assim e assado, quem não o for não é Trans. Não. Eu vou precisamente para mostrar que existem diferenças, que cada caso é um caso e que não sou uma fotocópia das outras que pululam por ai. E escolhi Santa Maria precisamente para observar in loco estas idiossincrasias do nosso Sistema Nacional de Saúde (SNS). E para confirmar que efectivamente o Hospital de Santa Maria neste tipo de consultas é de evitar.
2 Comments:
At 08 abril, 2010 17:32, Anónimo said…
Ola!
Sei que isto já foi há algum tempo, mas li agora o seu relato de quando foi às consultas da segunda opinião.
No entanto a sua história interessou-me já que ando nas consultas do Santa Maria.
Problemas do custume à parte. O meu processo "perdeu-se"! Vim a saber recentemente quando frequentei uma consulta com o Professor Xavier que o assistente dele levou alguns processos e não os vai devolver! Fiquei também a saber pelas dicas que o professor deixava escapar que esse mesmo assistente k era apenas um enfermeiro ainda que se apelidasse de psicólogo foi denunciado por alguém por andar a contactar certos utentes de formas "inadequadas".
Não entrei em perguntas por promenores, já que a gravidade do caso só me atingiu depois de ter saído e assimilado tudo o que me foi dito! Para além de ter de ir repetir do zero as coisas que se arrastam há anos, fiquei a saber que um individuo doente tem todas as minhas informações. Fantástico!
Por isso, não axo estranho o "psicólogo" da segunda opinião não lhe ter sabido informar de nada. Mas agora pelo menos já sabe o porquê!
Cumprimentos!
At 09 abril, 2010 17:27, Unknown said…
Olá também
Já me tinham chegado aos ouvidos essa do enfermeiro, mas acho estranho uma coisa:
O Prf Dr Rui Xavier tem uma posição de destaque na Ordem dos Médicos, como dirigente nas questões relativas à transexualidade, basta dizer que as autorizações para as CRS passam todas por ele e restantes integrantes, sendo que ele lidera o grupo.
Então ele ia deixar que um enfermeiro se fizesse passar por quem não é, e deixava que essa pessoa retirasse processos á sua inteira vontade, perdesse processos, andasse a tratar os utentes de formas inadequadas, enfim, tudo que conta aqui, e ficava a olhar impávido e sereno? Não parece que existe qualquer coisa estranha nisto tudo?
Um Professor Doutor (não é só doutor, atenção) a deixar que um suposto psicólogo (psicólogos não são considerados médicos, atenção), que na realidade é enfermeiro, faça o que lhe apetece com os processos que estão à sua (do Prof) guarda?
A ser verdade, é um factor muito, mas muito estranho, e que merece ser investigado.
Ou então, por outro lado, não estarão a fazer contigo o mesmo que fizeram tantas e tantas vezes com outos e outras, atrasando os processos propositadamente, e dando desculpas como esta? Claro está que isto são só hipóteses, mas uma das duas estará certa.
Se desejares, envia-me email para podermos estudar o que poderá ser feito.
Um beijo e no caso de não contactarmos mais, boa sorte com o processo e com a vida.
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