Um pequeno poema escrito por Cecília Meireles, uma poetisa brasileira já falecida, e a preferida da minha melhor amiga, que me tem ensinado, a pouco e pouco, a apreciar a escrita e sensibilidade desta poetisa.
Penso que a maior parte da herança que deixou escrita fala de solidão, dor, amores desencontrados, sentimentos e emoções tão comuns a tanta gente. Eu, pelo menos, conheço bem demais alguns destes sentimentos.
Espero que gostem deste poema como eu. Não sei porquê tocou-me...
Penso que a maior parte da herança que deixou escrita fala de solidão, dor, amores desencontrados, sentimentos e emoções tão comuns a tanta gente. Eu, pelo menos, conheço bem demais alguns destes sentimentos.
Espero que gostem deste poema como eu. Não sei porquê tocou-me...
Canção
(Cecília Meireles)
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto
Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
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