Assassinato de sem-abrigo, transexual, imigrante, seropositiva, utilizadora de drogas, trabalhadora do sexo
GISBERTA: AUTÓPSIA EM CURSO GERA SÉRIAS DÚVIDAS
GISBERTA: AUTÓPSIA EM CURSO GERA SÉRIAS DÚVIDAS
Exm@s senhores/as jornalistas:
Estranhamos profundamente o teor de uma notícia presente no Jornal Público de ontem, segundo a qual "A causa da morte de Gisberta, a transexual espancada, a semana passada, no centro do cidade do Porto, continua por determinar. A autópsia, efectuada no Instituto de Medicina Legal do Porto, não foi conclusiva , não se sabendo assim o que causou exactamente a morte da vítima: se a agressão violenta, se as suas fragilidades de saúde ou mesmo se se tratou de afogamento. (...)"
Das duas uma: ou a notícia não está correcta, ou, a ter esta informação realmente por fonte o Instituto de Medicina Legal do Porto (IMLP), algo parece não bater certo. O Público acrescenta que a dificuldade no apuramento da causa da morte tem a ver com o estado clínico em que se encontrava a vítima.
Julgamos saber que é de fácil apuramento, no âmbito de uma autópsia, sobretudo num corpo que foi encontrado no dia seguinte ao óbito , se existiu ou não afogamento, pela simples verificação da existência – ou não – de água nos pulmões. Inquieta-nos profundamente a demora na resposta a uma pergunta aparentemente tão simples.
Mas na eventualidade de a causa da morte não ter sido afogamento, estranhamos de igual modo que a mesma notícia afirme que uma das possibilidades para a determinação da causa da morte sejam "as fragilidades de saúde da vítima", podendo portanto a autópsia vir a negar que "a intervenção dos jovens foi causa directa da morte", o que mudaria toda a moldura penal.
Mas a questão é só esta: hoje, estaria Gisberta morta, mesmo com o seu quadro clínico, se não fosse "a intervenção directa dos jovens?"
Não partilhamos das teses de que o importante agora será punir, ou de quem tenta usar este caso para baixar a idade da responsabilização criminal. Fundamental é prevenir e combater a acumulação de exclusões sociais que permitiram tal acto, e proteger legalmente futuras vítimas. Mas preocupa-nos o apuramento da verdade. A autópsia determinará todo o quadro legal de tipificação deste crime, sendo portanto uma questão vital que exige o máximo rigor informativo. Assim, vemos com extrema preocupação os dados ontem publicados, sobretudo se se verificar corresponderem à informação provinda do IMLP, e rogamos aos meios de comunicação social que esclareçam este aspecto.
Panteras Rosa – Frente de Combate à Homofobia * Apartado 1323 – 1009-001 Lisboa * Panteras.Rosas@sapo.pt * http://www.panterasrosa.blogspot.com/ * http://www.panterasrosa.com/
2 Comments:
At 03 março, 2006 00:01, Anónimo said…
Estou muito chocada com este caso. Como é possível tanta barbárie, tanta maldade em jovens de tão pouca idade? Pobre Gi, tão fragilizada e abandonada por todos e ainda torturada e assassinada....Isto é um país civilizado?? Que deixa acontecer situações como esta tão brutais?? Como estão a ser acompanhadas as crianças e jovens de famílias complicadas pelo Estado?? Crescem selvagens e depois dá no que dá! Que vergonha para Portugal!!!! A igreja não sabe tomar conta de ninguém, está perdida no tempo por isso o Estado deveria agir, mas como é demasiado burocrata e irresponsável acontecem estas situações horríveis.
Black Bird
At 03 março, 2006 14:07, Anónimo said…
Porquê tantos nomes:- sem-abrigo, transexual, imigrante, seropositiva, utilizadora de drogas, trabalhadora do sexo - ?
Foi um ser humano que sofreu muito, arrepia só de pensar no sofrimento por que passou naqueles dias, é horrível!
Em todos os paises há crimes!...
Que descanse em paz!
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