Transfofa em Blog

Um espaço especial e pessoal, para dar relevo a cada momento único - Bem Vind@ ao meu Blog!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Ainda no rescaldo do debate realizado no passado dia 20, muitas questões ficaram por fazer. Questões de alguma importância como 'Que sucede aos processos de transexuais que não planeiem fazer a CRS (Cirurgia de Redesignação de Sexo)?' O processo acaba? Só é transexual quem deseje fazer a cirurgia? E se assim for, será que @s trans que andam nas consultas não se sentirão pressionad@s a mentir para que os processos cheguem ao seu termo (diagnóstico de transexualidade)?
Qual a posição da classe médica de Santa Maria em relação às reivindicações apresentadas? Compreendem a justiça delas? Apoiar-nos-ão numa futura batalha para corrigir o tanto de errado que grassa a nosso respeito no SNS?

Podia continuar a escrever muitas mais questões, mas infelizmente outro assunto apareceu na ordem do dia. E digo infelizmente porque se trata mesmo de um assunto infeliz. No blog Fishspeaker (como já vem sendo hábito), e para finalizar os comentários sobre o debate, apareceu mais um post difamatório a quem não tenha medo de ver a realidade como ela é. Nada de especial, pois já é usual a tal L lançar farpas de raiva contra tudo e contra tod@s que não partilhem as mesmas opiniões.

O problema que se põe aqui, é que a L deixou de ser um ser anónimo a partir da altura em que aceitou fazer parte do grupo de trabalho transexual da ILGA, e estando sentada na mesa como representante desse mesmo grupo. (Uma mensagem pessoal agora: Luísa Reis, não tinhas necessidade nenhuma de mandares a Marlene por portas e travessas fazer com que eu soubesse que eras o L, autor do blog Fishspeaker. Já o sabia desde a Quarta-feira anterior. E se esperavas que com isso se iniciasse uma 'peixeirada' enganaste-te, como sabes. Fui lá discutir problemas de transexualidade não ódios e guerrinhas pessoais e mesquinhas que tenha seja com quem for).

A questão que se põe é: sendo a Luísa porta-voz do grupo de trabalho transexual da ILGA, o que posta no blog será necessariamente a posição da ILGA. E nesse caso pergunta-se para que fazer um debate supostamente aberto se depois se difama publicamente os presentes nesse debate? Ainda por cima por quem se recusa a ver a realidade, preferindo um mundo cor-de-rosa em que não existe quase discriminação, @s trans não sofrem nas escolas obrigando-as a desistir dos estudos, têm apoio da família, enfim...

Seria bom que a ILGA esclarecesse qual a sua posição em relação à transexualidade. Afinal, o documento que produziu é em nosso nome ou em nome só de alguns?
Existem muitos pontos de vista. Será a política da ILGA difamar quem os tenha diferentes?
E quer a ILGA a presença de transexuais nos debates para depois um membro da mesa os menosprezar e caluniar só porque vêm uma realidade que, pelos vistos, a ILGA se recusa a ver?

A não ser assim, será muito útil que alguém da direcção ponha cobro a esta situação, pois caso contrário não valerá a pena realizarem mais debates abertos, façam-nos à porta fechada com pessoas que partilhem de um único ponto de vista. E também terão de falar em nome d@s trans da ILGA, não em nome de toda uma comunidade que afinal desprezam.

Por melhor que saibam escrever e por melhores que sejam as intenções, a ILGA deveria pensar muito bem em quem aceita nas mesas dos debates, pois pessoas que deixam ódios mesquinhos passarem à frente dos assuntos a debater não me parece a melhor escolha, definitivamente.

Não é por se fechar os olhos que os problemas inerentes à nossa condição desaparecem. Há que aceitá-los e combatê-los, não usar-se a táctica da avestruz.

E continuo a dizer que seria de todo desejável reuniões entre transexuais que se interessem por mudar alguma coisa neste país, tal como afirmei no debate. O documento apresentado é bom, mas ainda pode ser melhorado. Espero que tenham a abertura suficiente para compreenderem...

2 Comments:

  • At 29 janeiro, 2007 17:00, Blogger Marlene said…

    Olá, o meu nome é Marlene(também) e aproveito,desde já, para lhe dizer que leio o seu blog, assiduamente há já algum tempo.
    E, com todo o repeito que lhe é devido, permita-me que exponha aqui algo que tenho vindo a pensar, por mais que me tenha mantido "silenciosa" por muito tempo.
    Nasci mulher e identifico-me totalmente com o meu sexo biológico, o que não me impede de me interessar bastante por uma questão que é tão importante e da qual, a generalidade da população foge, com medo não sei bem de quê, sem lógica justa que lhe valha.
    Estive presente no debate mas por motivos profissionais cheguei já quase no fim, o que não me permitiu assistir à sua intervenção. O que lhe posso dizer, é que como estava no anonimato, você não me conheceu mas eu reconheci-a do seu blog e das suas páginas. O que presenciei foram críticas nada construtivas da sua parte para com a Luisa, autora do blog Fishspeaker...mas nem é por aí que quero entrar, porque, como você própria afirma, todos temos direito à opinão.
    O que me tem perturbado por aqui é o facto de que a Eduarda, que me parece ser uma pessoa formada, pelo menos a nível pessoal, o que é óptimo, e que apregoa que a diferença de ideias deve ser aceite e tolerada, não seja congruente com a sua posição quando "ataca" a outra blogger desta forma. Porque acho que o seu blog é importante, como o da Luísa. Sou suspeita para afirmar isto, com certeza dirá, devido à relação relativamente próxima que mantenho com a mesma. Mas, confesso que antes de vir aqui mostrar a minha opinião me mentalizei que teria de ser o mais imparcial possível.
    Outra questão que me faz coçar o nariz é a auto-exclusão que sinto da parte d@s transsexuais. Não sejamos hipócritas, sim, é claro que é verdade que existe imensa discriminação, não o podemos negar. Mas será que não há abertura nenhuma d@s não transsexuais? A questão não é ver o mundo cor de rosa. É aceitar que a caminhada ainda não está completa mas que há muita gente que não @s discrimina, que luta convosco contra isso. Porque é uma causa em que é preciso acreditar.
    No entanto, daquilo que entendi só posso chegar à conclusão de que a Eduarda não aceita também o ponto de vita da L, que afirma que nem tod@s as transsexuais se prostituem, etc. É isto que entende quando afirma que ela vê o mundo cor-de-rosa?
    Tem-me custado imenso verificar que existem estas guerras entre mulheres que deveriam ser irmãs.
    Não quero que se sinta, de forma alguma, ofendida ou atacada pessoalmente mas estou a manifestar a minha opinião.
    Quanto ao facto de a opinião da L ser a mesma da ILGA ou não, penso que não é relevante. Ou se calhar até o é. Só acho que não tem de ser olhada dessa forma porque o seu blog é a sua visão das coisas, várias vezes a sua história e outras vezes factos comprovados.
    Penso que todas as ideias são válidas. Tanto que continuo a visitar os dois blogs, entre outros, diariamente.

    Uma pergunta: não se sente pior cada vez que tem de lutar, no meio destas guerras? Não sofre, sabendo que isto não é relevante e que deviam mostrar os diferentes pontos de vista, educadamente, tolerando quem não acredita no mesmo?

    Parabéns pelo trabalho e, por favor, ponham termo às guerras pessoais.Penso que todos ficam tristes assistindo a isto.

     
  • At 30 janeiro, 2007 04:15, Blogger Unknown said…

    Cara Marlene, desde já os meus agradecimentos pelas suas visitas ao meu blog, e principalmente por finalmente ter deixado um testemunho nele. O facto de ser mulher biológica não impede ninguém (como se vê pelo seu caso) de lutar contra as (muitas) injustiças desta sociedade.
    Ora bem, a minha intervenção no debate resumiu-se a algumas perguntas que considerei pertinentes aos médicos do SNS presentes. A única pergunta que fiz, logo a única intervenção que fiz, não dirigida a eles foi a pergunta/sugestão de porque não fazerem-se debates entre as transexuais para se ouvirem outras opiniões. No debate propriamente dito foi o que fiz. Se por acaso ouviu algum comentário não muito construtivo, só pode ter sido depois do debate ter acabado e em conversas pessoais. Mas isso também ela (Luísa) as tem, de certeza, e bastantes vezes no blog. Basta-lhe ver a quantidade exorbitante de posts que dedica a atacar transexuais que não concordem com ela e/ou com quem ela não simpatiza. Terá de reconhecer que são 'n' vezes mais que os meus posts sobre ela.
    Ora bem, um dos motivos e não de menor importância, é precisamente por ela fazer aquilo de que acusa. De ser intolerante, de não aceitar outras formas de pensar, de fechar os olhos à realidade.
    No meu modo de ver, e no dela também (pelo menos nisso estamos de acordo) há que separar (isto como exemplo) a transexualidade da prostituição. No entanto, ao contrário dela, não acho que se deva fazê-lo por negar aquilo que é uma realidade (até no Porto, cidade onde habita) e fazer de conta que não existe, mas sim, aceitando que existe e tentando arranjar mecanismos para que não seja preciso servir-se de expedientes como esse para se sobreviver.
    Como deve saber, se frequenta o meu blog, há tempos atrás escrevi uns posts em que dizia para nos ignorarmos mutuamente de maneira a parar este chorrilho de disparates que são estes ataques. A resposta que obtive foram mais ataques. Pode confirmar isto mesmo no meu blog, tem é de fazer uma busca.
    Para finalizar esta exposição das razões do meu post, não me parece correcto da parte da ILGA autorizar que faça parte da mesa uma pessoa que é surda para argumentos diferentes dos seus, e intolerante para com as suas supostas irmãs. Como referi no post, desde a Quarta-feira anterior tinha conhecimento que era ela que ía estar na mesa como Luísa Reis. Desde esse dia até ao do post da Luísa fiz-lhe algum ataque pessoal? Não. Mesmo no post (curto) que fiz do debate, ataquei a Luísa? Não. Penso que isto diz tudo...
    Espero ter o prazer de a continuara ter como visita regular a este blog e não se coíba de comentar sempre que achar necessário. Cumprimentos

     

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