Transfofa em Blog

Um espaço especial e pessoal, para dar relevo a cada momento único - Bem Vind@ ao meu Blog!

sexta-feira, janeiro 04, 2008

2007 passou.
Não se pode dizer que tenha havido muita coisa a apontar neste ano que findou. Pelo menos a nível da Transexualidade. Que é o foco principal deste blog.

Durante este ano, assistiu-se ao início do desvanecer da memória de Gisberta. Foi o aniversário da morte dela, o Transgender Day of Rememberance, e a Gis começou a penetrar nas obscuras neblinas que formam o tecido do tempo, desvanecendo-se a pouco e pouco. Ninguém, e falo das associações LGBTTI, comemorou a sua memória e por seu intermédio, a memória de todas e todos que foram vítimas de transfobia por esse mundo fora. Prevê-se um breve ressurgimento aquando do julgamento de um dos assassinos, mas pelos vistos será coisa efémera. O T continua a ser o parente pobre.

Espicaçada quiçá por algumas críticas e pelo exemplo dos nossos vizinhos espanhóis, a ILGA-Portugal iniciou um processo de reuniões sobre a transexualidade, e fez um primeiro esboço de uma lei de Identidade de Género. Que era suposto ser debatido (o esboço) em três reuniões, duas com representantes estatais dos nossos queridos psiquiatras e psicólogos com visões diferentes entre si, e uma terceira só com trans. Mas... as duas que houve demonstraram uma clivagem de entendimento sobre o que é e como deve ser encarada a transexualidade e as pessoas transexuais mais que qualquer outra coisa. A terceira reunião, pelos vistos, foi agendada algures para os anos vindouros. Ou seja, debate sobre a proposta de lei de Identidade de Género entre as pessoas mais qualificadas para o fazerem, as próprias pessoas transexuais, não houve.

Pior, como a proposta veio de um grupo LGBTTI, e embora isso não devesse interessar para nada, pois a transexualidade não deve ser usada para guerrilhas políticas (afinal trata-se de pessoas, né?), imediatamente a seguir a Opus Gay, que como se sabe não morre de amores pela ILGA, decidiu fazer uma proposta de lei que deve ser semelhante (foi feita às escondidas pelo récem formado núcleo transexual da dita associação). As Panteras Rosa, por seu turno, trabalharam a proposta da ILGA, emendando e melhorando aspectos que não estariam completamente correctos. A ideia seria juntar TODAS as associações e pelo contributo colectivo, unir-se toda a gente sob uma proposta comum.

Como de humanos se trata aqui, as ditas associações revelaram-se incapazes de ultrapassar as suas divergências e unirem-se debaixo de uma bandeira comum, pelo menos neste tema. Foi cada uma para seu lado, com a sua proposta, provocando uma clivagem inútil e completamente desnecessária entre as (poucas) pessoas transexuais que andam a tentar fazer alguma coisa construtiva. Mas, se entre as próprias pessoas transexuais, não se consegue ultrapassar birrinhas e zanguinhas em prol de um bem comum, como se poderia exigir que as próprias associações o fizessem? Afinal, essas associações são dirigidas por humanos, e pelos vistos ainda têm muito que aprender sobre o que é trabalhar para um bem comum, deixando de lado diferenças que no fundo são bem capazes de nem ter assim tanta importância.

Durante este ano também se observou o desmembramento das consultas de transexualidade do Hospital Júlio de Matos, com o afastamento peremptório das pessoas que estavam à frente dos processos. Considerando que era o Hospital que mais garantias dava, tanto pelo tratamento dado às pessoas transexuais que lá andavam, como pelas tentativas de melhorar e acelerar os intermináveis e lentos processos, estranha-se imenso a passividade e inércia, tanto dos utentes como das associações. Ninguém se mexeu, nem sequer houve críticas, nada de nada. Um abandono completo das pessoas que efectivamente tentaram mudar alguma coisa. E o pior é que esse abandono teve como intervenientes as próprias pessoas que dele necessitam para fazerem os seus processos.
Lamentável a todos os níveis.

Quanto à única associação transexual, ops, sorry, Transgénero, existente, pautou-se por um completo abandono destas questões. A At é como se não existisse. Considerando o papel relevante que teve em anos anteriores na defesa das pessoas transexuais e transgéneros, e atendendo ao espírito combativo que sempre teve, é mais uma baixa a lamentar. Ainda por cima se se pensar que era a única associação dedicada especialmente a estes assuntos.

Esparenças para 2008? Pelo que se viu este ano, o melhor que se poderá esperar é que continuem os (poucos) blogues existentes sobre esta temática, porque me parece muito sinceramente que a travessia do deserto ainda não acabou.




[Chile]
Transsexual Prostitute Murdered In Chile Capital
A transvestite sex worker in Santiago's Puente Alto district died last week after being attacked and stabbed, possibly by group of neo-Nazis. The victim, who died Dec. 28 of a stab wound, was identified as Gabriela Alejandra Albornoz.

[NH, USA] [Letters to the Editor]
Not all lost with defeat of transgendered bill
House Bill 711 did not make it past the committee hearing stage. This is the bill that would have required insurance companies in the state of New Hampshire to cover physician-prescribed hormone medications to individuals regardless of assigned sex at birth.
Am I saddened by this decision? Do I think it's discriminatory? The answer for me is yes, of course, but I am a transsexual and a physician who cares for transgendered patients.

[CA, USA]
Trans teacher changing lives in SF jail
Life is different for transgender teacher Dana Rivers, who lost her high school teaching job in Sacramento nearly 10 years ago. The media spotlight that was her life for nearly three years has faded, she now lives in the Bay Area, and while she still teaches at the high school level, her students are different.
PHOTO: Dana Rivers is now teaching in the San Francisco Sheriff Department's Five Keys Charter School. Photo: Jane Philomen Cleland

[USA]
GLBT IT employees make workplace progress
Excerpt: The work is fine, but it's the Sun culture that keeps her working at the company. In 2003 Moyer, who was born a male, came to terms with her female identity and decided to begin the process of gender reassignment.

[DC,USA] [Blog/Commentary]
Trans activist crosses the line
The recent remarks by Meredith Bacon, president of the board of the National Center for Transgender Equality, denouncing the Human Rights Campaign's handling of the ENDA debate, serve as a vivid and disappointing reminder of why the trans movement hasn't progressed as far as the gay rights movement.