Tenho estado adoentada. Dia 10, enquanto uns estavam na Assembleia a manifestarem-se, estava eu cheia de dores. Coisas da vida.

Desde essa altura nem paciência tenho tido para escrever. Mas, com o tempo a passar, a vontade vai aumentando e aqui estou eu outra vez.

E mesmo a tempo. Na semana passada saiu um artigo no jornal diário “Público” sobre um dos assassinos da transexual Gisberta (uma trans que foi barbaramente assassinada no Porto, lembram-se?).

Quando do assassínio, houve muito “zum zum” sobre a maneira como os media tratavam o caso e especialmente a vítima, com epítetos tão na moda como “um travesti” ou “um transexual” e, segundo me parece, só não utilizaram o termo “crossdresser” porque não é um termo muito difundido, salvo entre experts na matéria.

Depois do “zum zum”, em que participaram a maioria das associações LGBT e/ou grupos, ficou-se com a impressão de que pelo menos alguns dos nossos repórteres tinham entendido os porquês e finalmente tratavam a Gisberta com o respeito que qualquer ser humano merece, no feminino. Pelo menos nalguns jornais menos “pasquins”. Caso em que eu incluía o Público. Pelo menos até agora.

Acontece que, e para não variar, insiste-se em tratar a vítima, uma mulher que teve o azar de ter nascido transexual (entre outros azares que podem sempre acontecer com as gravidezes) como “O transexual”. Quer dizer, já chega, não? Já não basta ser o termo clínico errado com que alguns dos nossos “especialistas” insistem em tratar as mulheres transexuais (eu própria tive alguns “quid pro quo” por causa disso), ainda temos de levar com supostos “repórteres” (afinal os cursos de jornalismo servem para quê???) que, e apesar de saberem de antemão que tratar uma mulher transexual no masculino é no mínimo ofensivo para ela bem como para toda uma comunidade, o continuam a fazer impunemente, mesmo depois de todo o “zum zum” gerado por esse tratamento.

Se fosse nos EUA, como tenho observado bestantes vezes, tinham havido logo dezenas de vozes de associações trans e transgénero a fazerem-se ouvir, e com tal chinfrim que as mais das vezes a coisa só se resolve com um pedido de desculpas públicas nos pasquins que cometem a “falta”.

Mas e em Portugal? Todas as associações e grupos que na altura tanto barafustaram por este motivo, remetem-se agora ao mais profundo silêncio, demostrando inequivocamente a atenção e prioridade que dão, directa ou indirectamente, aos assuntos transexuais. Não vale a pena enumerá-los, já toda a gente está farta de saber quem são (e também não existem assim tantos né?), mas todos sem excepção se remeteram ao silêncio. E costuma-se dizer que “quem cala, consente”.

Até os supostos grupos transexuais recem-formados, estando debaixo da alçada dos “majors”, se deixam tratar desta maneira sem reclamarem, aceitando tacitamente tal tratamento por parte dos media. Nem nos blogs, onde tantas e tantas vezes reclamam que as pessoas comuns os tratam desta e daquela maneira, houve um post de indignação. Esquecem-se que não poucas vezes é pelos jornais que a população em geral vai formando a sua opinião, e vai aprendendo a usar certos termos.

Assim, resto eu, e nesta ocasião tenho de assumir-me por toda uma comunidade, para demonstrar a nossa indignação pelo tratamento dado a alguém que sofreu discriminações de todos os tipos derivadas à transfobia, que foi assassinada de uma maneira tão bárbara que chocou muita gente (e que faz pensar que tipo de futuros portugueses e portuguesas estão-se a criar em Portugal) e que mesmo depois de morta é achincalhada desta maneira pelos media. Fica aqui esta nota de indignação e revolta em nome de toda uma comunidade que continua a ser silenciada e a não se fazer ouvir.

Aos senhores repórteres, que antes de escreverem sobre assuntos que não dominam, ou se calem ou deixem escrever os poucos repórteres que tentam não ofender gratuitamente toda uma comunidade.

Um pedido de desculpas no “Público” (mesmo tipo “por lapso...”) vinha a calhar, não? Afinal o “Público” não é um qualquer pasquim. Ou pelo menos não o considerava como tal.

[UK]
Top Muslim doctor faces sack for saying 'transsexuals are twisted and society needs protection from gays'
A leading Muslim doctor called for gay people to feel 'the stick of the law' in order to protect society from their 'ravages', a disciplinary hearing was told yesterday.

[UK/USA]
Caroline Cossey (1954 - ) model
Barry Kenneth Cossey was born in Norfolk, with XXXY chromosomes, Klinefelter's Syndrome. She started living as female in 1971 at age 17, and began work as a showgirl and topless dancer.
She had breast augmentation and Adam's Apple reduction surgery, and then genital surgery in 1974, under Dr John Randell at Charing Cross Hospital. She developed a career as a model, using the professional name Tula.

[Colômbia]
Ministério afasta diretora por ser transexual
O Ministério da Educação de Córdoba, Colômbia, afastou da diretoria de um colégio público a transexual Veronica Giordano, 42. Ela foi transferida para o Colégio San Martin, na cidade de mesmo nome, onde fará trabalhos administrativos, ou seja, sem contato direto com os alunos.

[Australia/UK]
Rachael Padman (1954 - ) physicist
Padman did a degree in Electrical Engineering in Melbourne, and then worked for two years in CISRO’s Radio-Physics Laboratory in Sydney. In 1977, he went to the then all-male St Johns College at Cambridge University because of the cutting edge radio-astronomy work at Cavendish Laboratory.

[Australia]
It's all in the genes for a transsexual
Transsexual men who "feel" female have an unusual version of a gene that affects the male sex hormone, a study shows.
Researchers find 'transsexual gene'
[Blog/Commentary] One more part of the puzzle
Gender bending in the genes
Transgender People Validated By Aussie Research
Sex change men born with 'female-like brain'
[Blog/Commentary] Scientists Zero In On Trans Explanation
Scientist claims biological basis for transsexuality
[Blog/Commentary] Genetic link to gender identity?

[Australia]
Project to track anti-gay hate crimes
A project to help track hate speech and crimes against Queensland gay, lesbian, bisexual, transgender and intersex (GLBTI) communities has received nearly $80,000 in funding from the State Government.

[MA, USA]
Trans Activists Protest HRC Dinner
A group of thirty protestors marched outside the Human Rights Campaign’s annual New England Gala Dinner Saturday to show their disapproval of HRC’s position on transgender inclusion in ENDA (Employment Non-Discrimination Act).

[USA] [Blog/Commentary]
Liar
From an EDGE piece on the protest against the Boston shindig for the Rhode Island Avenue Cesspool of Transphobia:
Diego Sanchez, a trans activist who serves as the director of public relations at AIDS Action Committee, praised HRC’s stance on transgender issues.
“The HRC is very supportive of trans activism,” said Sanchez
Bullshit. His ‘proof’? The Cesspool gave $50,000 to the Massachusetts Transgender Political Coalition.

[USA] [Blog/Commentary]
Transition Regret - Some Thoughts
Last week news became public that Christine Daniel's very public transition as a sportswriter at the Los Angeles Times had come to an end. She quietly returned to work as Michael Penner. The pressures and high visibility of her transition put her in a very awkward position and those of us who have known her over the past year or so have recognized the difficulty she has been having in recent months. To be honest, I'm not surprised by this news. In some ways, I'm relieved by it.
[Blog/Commentary] James "Cora" Birk on Transition and Regret

[USA]
Carolyn Gold Heilbrun (1926 - 2003) academic
Carolyn Gold was born in East Orange, New Jersey and educated at Wellesley College, Massachusetts. She married James Heilbrun and they had three children.