Há dois anos atrás, sensivelmente por esta data, o corpo de Gisberta Salce Júnior era descoberto num putrefacto fosso num prédio em construção, na cidade invicta.

Nessa altura, ninguém sabia quem era. Os media, e apesar de terem como obrigação fornecerem informação CORRECTA, chamaram-lhe de tudo, homem, gay, travesti, juntamente com alguns grupos supostamente defensores dos direitos LGBT.

Aliás, gerou-se por essa altura uma polémica sobre se seria um crime homofóbico ou um crime transfóbico. Numa coisa estiveram todos de acordo. Foi um crime de ódio.

Ódio por quem, por um azar do destino, nasceu com características físicas do género oposto ao seu. Ódio por existirem aberrações que não têm medo de dizerem “EXISTIMOS”.

Como se veio a provar, foi um crime de transfobia. Nessa altura lembro-me de ter escrito um pequeno post em que afirmava o seguinte: “A partir de agora, já não basta lutar contra a homofobia, a transfobia fez a sua entrada.”

Nem eu, na altura, tinha consciência de quão profética era esta frase. Durante um ano e tal, houve uma relativa calmaria. Mas este ano, em dois meses, dois casos bastante graves aconteceram, lembrando que por mais calmas que pareçam as águas, por baixo delas pode estar tudo em ebulição.

Em Janeiro, um travesti foi baleado em Belém, felizmente sem muita gravidade, por alguém(s) que passaram numa viatura.

Agora, um novo corpo foi descoberto, desta feita em Lisboa, já em estado de decomposição. Embora não se saiba muito (nem interesse dar muitas informações para não se dificultar as investigações), sabe-se o suficiente para se desconfiar de mais um crime de transfobia.

Factos: Um corpo com características visíveis femininas foi descoberto por um trabalhador numa lixeira em Loures. Posteriormente, soube-se que o corpo era de um homem. Bem, isto só seria possível se tivesse ainda a genitália masculina. Portanto, seria uma pessoa transgénero.

Descobriu-se depois que era uma transexual de nacionalidade brasileira conhecida como Luna, que se prostituía no Conde Redondo.

Novamente vamos esperar para ver como vai ser tratado este caso, e como vai ser tratada mais uma vítima de transfobia, tanto pelos media como pelas associações. Agora já não se pode negar desconhecimento sobre quem era a vítima. Logo, ser nomeada no masculino será unicamente com intuitos ofensivos. Sabe-se que era uma MULHER, também brasileira como Gisberta, também transexual como ela e também assassinada.

António Serzedelo já nos brindou com mais umas bacoradas da sua infindável enciclopédia. Primeiro, e já sabendo que era transexual e que estava a fazer processo de transexualidade, insiste em chamar de travesti. Numa pessoa com as responsabilidades que tem e à qual os media (infelizmente para eles) ainda recorrem com frequência, não se pode deixar de considerar isto como pura e simples transfobia interiorizada. E remata a sua dissertação dizendo que se pode estar perante um crime de homofobia. É muito triste ver uma pessoa deste calibre ainda desconhecedora de que a transfobia existe, sendo ela uma prova viva disso mesmo. E mais triste é uma associação como a Opus Gay deixar-se sistematicamente colar a este tipo de personagens. E mais triste é os media ainda darem crédito a estas pessoas. Enfim, é um triste exemplo do país em que vivemos e de uma pessoa que ainda há dois anos considerava as mulheres transexuais como "gajos de mamas com penas a saírem-lhes da cabeça e do cú".

Ainda hoje, Gisberta é tratada no masculino por determinados meios de comunicação. Será este também o triste destino de Luna? Ofendida, ridicularizada até na sua morte?

Embora ainda não hajam provas de nada, parece-me mais um caso declarado de transfobia. Mesmo que fosse um desaguizo com um cliente, o destino dela parece trágico demais para isso. Demonstra uma total falta de respeito para com a vítima, exemplifica um sentimento de se estar a lidar com um “UNTERMENSCH”, como os nazis consideravam os homossexuais, transgéneros, ciganos, judeus…

Crime de ódio, foi de certeza. Ou pelo menos o sentimento esteve presente, mesmo que existam outas razões.

Será desta que se vai ver justiça? Ou ficará como mais um crime por resolver?

[Portugal]
Transexual assassinada um ano depois de Gisberta

Luna não era vista desde a noite de 19 de Fevereiro
Há anos que Luna, 43 anos, tinha lugar cativo na esquina do Conde Redondo com a rua Ferreira à Lapa, em Lisboa.

Luna’ faria operação - Loures: Travesti assassinado

No Conde de Redondo, em Lisboa, as colegas conheciam-no por ‘Luna’, mais um travesti que se prostituía. António Serzedelo, presidente da Opus Gay, confirmou ao CM que foi este o travesti anteontem encontrado morto num aterro de lixo na Estrada Nacional 250, perto de Loures.

Travesti morto já foi identificado

O travesti encontrado morto anteontem num contentor de lixo, em Loures já foi identificado. Trata-se de um cidadão brasileiro, de 34 anos, surdo-mudo, conhecido pelo nome de Lola que se prostituía em Lisboa na zona do Conde Redondo.

Nota: Sendo a primeira notícia aqui do Diário de Notícias, a segunda do Correio da Manhã e a terceira do Jornal de Notícias, peço a quem as queira ler para fazer uma comparação entre os três jornais e o modo como esta triste notícia é tratada por cada um deles. Faço especial menção ao Jornal de Notícias com incorrecções no mínimo gritantes (para não dizer aberrantes).

[Brasil]
Transexual lucha por su empleo

Maria Luiza da Silva, de 47 años, que cambió de sexo en 2005, acudió a la justicia para recuperar su empleo en la Fuerza Aérea Brasileña, donde sirvió por más de 20 años con el nombre de José Carlos da Silva, informó el diario Folha de Sao Paulo.

[Pakistan]
Hijras: The aliens of the Pakistani society

The most rejected creature in our society whose curse is believed to be approved by Allah and who are considered blessed with heaven -- yet they are not absorbed in the normal sociocultural atmosphere -- are the Hijras (eunuchs).

[Canada]
Young Grits want N.S. to pay for sex-change surgeries

Nova Scotia Young Liberals think the province should foot the bill for sex-change operations.

The idea is one of two dozen resolutions Grits will debate this weekend at the party's annual meeting in Halifax.

[FL, USA]
Activists join sad vigil for a slain teen

A vigil of more than 100 people honored Simmie Williams Jr., who was gunned down last week in a possible hate crime.

Rally Held For Teen Killed While Dressed As Woman

Dozens of people attended a rally Thursday to help generate leads in the killing of a teenager, and bring to light what they said is a growing problem in South Florida.

Anti-LGBT Killing and Attack in Fort Lauderdale

Simmie Williams, Jr., 17, variously described in press reports as gay and transgendered, was shot and killed while dressed in women's clothing in Fort Lauderdale on February 22 at 12:45 a.m. by a group of darkly dressed men who have not been apprehended. The police say there was an exchange of words before the shooting and that they are investigating the murder as a possible hate crime.

[MA, USA]
Judge grants hearing for killer seeking better sex change care in prison

A judge has granted a hearing to a killer who says she's being denied medical treatment in prison as she awaits a ruling in her bid for sex change surgery.

[MO, USA]
Perjury Charge Filed Over Marriage License

Two Missouri women said their marriage isn't illegal because one of the women is physically a man.

Mishell Blomenkamp used to be Michael Blomenkamp. She had her name changed, but she said she never had gender reassignment surgery.

When she applied for a marriage certificate, she said she was a man. According to the state of Missouri, that is perjury.

[USA/Pakistan] [Blog/News/People]
Conversions - The story of Issa Fazli

In 1999 Fareeha Fazli was a Pakistani Muslim woman studying in the United States. She had permanent residency. In 2000 Issa Fazli got married. Fareeha converting to christianity, besides having female to male gender reassignment surgery.