Novamente os media vêm ao barulho. E, para não variar muito, novamente com tratamentos inadequados e transfóbicos das pessoas transexuais.
Refiro-me, por exemplo, a uma notícia que saiu no Correio da Manhã sobre uma nova companhia aérea tailandesa que decidiu contratar mulheres transexuais como hospedeiras de bordo, a PC AIR, com o título de “Assistentes de bordo transexuais”.
Esta companhia é a primeira do mundo a contratar pessoas assumidamente transexuais, uma atitude louvável a todos os níveis. Mas para o Correio da Manhã, em vez de louvável a notícia é classificada como insólita. Ou seja, para pessoas transexuais não importa que tenham capacidades ou perícias para um determinado emprego, são transexuais logo “freaks” logo é insólito que se dê trabalho a alguém transexual.
Não contentes com isto, e apesar de todas as notícias que apareceram sobre isto internacionalmente afirmarem sempre que se trata de transexuais, logo no lead da notícia vem a afirmação de que se trata de “travestis e transexuais”.
A partir daqui, o tratamento dado a estas mulheres é sempre no masculino (“foram escolhidos”, “os candidatos”), terminando com uma frase que revela bem o preconceito e a transfobia de quem redigiu a notícia: “(...) tendo a empresa facultado aulas de maquilhagem para que os ‘hospedeiros’ sejam iguais a mulheres... ou quase.”
A atitude inerente a este tipo de tratamento de notícias, em vez de primar pela diversidade e integração de um determinado tipo de minoria, segue antes a linha contrária, promovendo deste modo a continuação da exclusão de minorias tanto do mercado de trabalho como da sociedade, ao classificar estas atitudes como insólitas, logo promovendo a continuação da exclusão.
Curiosamente, numa notícia sobre a candidatura de Carla Antonelli como deputada para Madrid, a notícia teve um tratamento completamente diferente no mesmo jornal, tratando-a sempre no feminino e, pasme-se, nunca a apelidando de “travesti”. Curioso como é dado um tratamento tão diferente a duas notícias sobre pessoas transexuais no mesmo jornal.
Infelizmente não é a única.
Numa atitude infelizmente muito na moda em Portugal e no Brasil, regra geral quando se trata de pessoas transexuais e apesar do tratamento do resto da notícia poder ser bom, insiste-se sempre na menção do nome de baptismo das pessoas transexuais.
Como se sabe (ou como se devia saber) tratar-se uma pessoa com esse nome é ofensivo para muitas delas (também há quem não se preocupe com isto). É um desrespeito pela identidade da pessoa em causa o estar-se a mencionar um nome que está errado e com o qual a própria pessoa não se identifica. Demasiado comum hoje em dia.
Outro exemplo de tratamento tendencioso de notícias, mas desta vez com raízes marcadamente políticas, foi dado pela TVI quando da notícia da reaprovação da lei de alteração de nome e sexo das pessoas transexuais. Em vez de noticiarem que o parlamento aprovou sem alterações a proposta de lei, realçaram este triste facto: “Apesar das recomendações do veto presidencial …”.
Ou seja, independentemente da inexactidão e ignorância demonstradas nas razões do veto presidencial, dão a entender que essas razões seriam válidas e que foi a Assembleia da República que, provocantemente, não ligou nenhuma.
Sobre as razões do veto presidencial dei-me ao trabalho de desmontá-las, ponto por ponto, num outro post (Veto presidencial: razões e comentário) demonstrando inequivocamente a não exactidão dessas razões.
Portanto o que fica? Fica a (des)informação tendenciosa demonstrada dirigida a iludir o público em geral sobre estas questões, no seguimento da linha PSD/CDS-PP que este canal de televisão bem tem demonstrado seguir. Como exemplos, quem é chamado para comentar as notícias nacionais? Elementos declaradamente PSD/CDS-PP ou arrependidos do PS.
Numa informação isenta deviam estar as correntes de pensamento que existem, facultando os factos e deixando as análises para as pessoas, ou pelo menos que entrevistassem analistas dos vários quadrantes políticos e não unicamente de um sentido (leia-se direita).
A TVI, assim, deixa de ser um meio de informação para se tornar um veículo de propaganda de ideologias direitistas. A isenção foi-se.
E aqui reitero o apelo que fiz quando da presença de uma transexual feminina no programa “A tarde é sua”, agora estendendo o apelo a um boicote total de toda a gente LGBTTI à TVI no seu todo e não unicamente ao programa.
Faço este apelo em nome das pesoas transexuais visto as associações existentes insistirem em ignorar estas situações e não se manifestarem, repudiando cabalmente estes tipos de tratamento de informação. E peço às associações LGBTTI existentes que se juntem neste boicote, pois num futuro mais ou menos próximo serão esses temas a sofrer este tipo de (des)informação.
Refiro-me, por exemplo, a uma notícia que saiu no Correio da Manhã sobre uma nova companhia aérea tailandesa que decidiu contratar mulheres transexuais como hospedeiras de bordo, a PC AIR, com o título de “Assistentes de bordo transexuais”.
Esta companhia é a primeira do mundo a contratar pessoas assumidamente transexuais, uma atitude louvável a todos os níveis. Mas para o Correio da Manhã, em vez de louvável a notícia é classificada como insólita. Ou seja, para pessoas transexuais não importa que tenham capacidades ou perícias para um determinado emprego, são transexuais logo “freaks” logo é insólito que se dê trabalho a alguém transexual.
Não contentes com isto, e apesar de todas as notícias que apareceram sobre isto internacionalmente afirmarem sempre que se trata de transexuais, logo no lead da notícia vem a afirmação de que se trata de “travestis e transexuais”.
A partir daqui, o tratamento dado a estas mulheres é sempre no masculino (“foram escolhidos”, “os candidatos”), terminando com uma frase que revela bem o preconceito e a transfobia de quem redigiu a notícia: “(...) tendo a empresa facultado aulas de maquilhagem para que os ‘hospedeiros’ sejam iguais a mulheres... ou quase.”
A atitude inerente a este tipo de tratamento de notícias, em vez de primar pela diversidade e integração de um determinado tipo de minoria, segue antes a linha contrária, promovendo deste modo a continuação da exclusão de minorias tanto do mercado de trabalho como da sociedade, ao classificar estas atitudes como insólitas, logo promovendo a continuação da exclusão.
Curiosamente, numa notícia sobre a candidatura de Carla Antonelli como deputada para Madrid, a notícia teve um tratamento completamente diferente no mesmo jornal, tratando-a sempre no feminino e, pasme-se, nunca a apelidando de “travesti”. Curioso como é dado um tratamento tão diferente a duas notícias sobre pessoas transexuais no mesmo jornal.
Infelizmente não é a única.
Numa atitude infelizmente muito na moda em Portugal e no Brasil, regra geral quando se trata de pessoas transexuais e apesar do tratamento do resto da notícia poder ser bom, insiste-se sempre na menção do nome de baptismo das pessoas transexuais.
Como se sabe (ou como se devia saber) tratar-se uma pessoa com esse nome é ofensivo para muitas delas (também há quem não se preocupe com isto). É um desrespeito pela identidade da pessoa em causa o estar-se a mencionar um nome que está errado e com o qual a própria pessoa não se identifica. Demasiado comum hoje em dia.
Outro exemplo de tratamento tendencioso de notícias, mas desta vez com raízes marcadamente políticas, foi dado pela TVI quando da notícia da reaprovação da lei de alteração de nome e sexo das pessoas transexuais. Em vez de noticiarem que o parlamento aprovou sem alterações a proposta de lei, realçaram este triste facto: “Apesar das recomendações do veto presidencial …”.
Ou seja, independentemente da inexactidão e ignorância demonstradas nas razões do veto presidencial, dão a entender que essas razões seriam válidas e que foi a Assembleia da República que, provocantemente, não ligou nenhuma.
Sobre as razões do veto presidencial dei-me ao trabalho de desmontá-las, ponto por ponto, num outro post (Veto presidencial: razões e comentário) demonstrando inequivocamente a não exactidão dessas razões.
Portanto o que fica? Fica a (des)informação tendenciosa demonstrada dirigida a iludir o público em geral sobre estas questões, no seguimento da linha PSD/CDS-PP que este canal de televisão bem tem demonstrado seguir. Como exemplos, quem é chamado para comentar as notícias nacionais? Elementos declaradamente PSD/CDS-PP ou arrependidos do PS.
Numa informação isenta deviam estar as correntes de pensamento que existem, facultando os factos e deixando as análises para as pessoas, ou pelo menos que entrevistassem analistas dos vários quadrantes políticos e não unicamente de um sentido (leia-se direita).
A TVI, assim, deixa de ser um meio de informação para se tornar um veículo de propaganda de ideologias direitistas. A isenção foi-se.
E aqui reitero o apelo que fiz quando da presença de uma transexual feminina no programa “A tarde é sua”, agora estendendo o apelo a um boicote total de toda a gente LGBTTI à TVI no seu todo e não unicamente ao programa.
Faço este apelo em nome das pesoas transexuais visto as associações existentes insistirem em ignorar estas situações e não se manifestarem, repudiando cabalmente estes tipos de tratamento de informação. E peço às associações LGBTTI existentes que se juntem neste boicote, pois num futuro mais ou menos próximo serão esses temas a sofrer este tipo de (des)informação.
2 Comments:
At 22 fevereiro, 2011 03:05, Luis Miguel Silva said…
Pois e, e um mundo triste o que vivemos. Ha muito tabu e desinformacao.
Eu proprio, embora ache que compreenda a tua dor e revolta, tendo a misturar os termos travesti, transsexual e homosexual (com uns pequenos ajustes na sua definicao).
De qualquer forma, so queria desejar-te boa sorte para que um dia as coisas mudem e a nossa sociedade compreenda que, por vezes, as pessoas nascem com uma "personalidade" (hmm, nao e a palavra correcta mas nao estou a encontrar outra :o\) contraria a do seu corpo.
E muito triste saber que ha pessoas que nascem no corpo errado e que ainda sao apontadas e gozadas pela sociedade. Tenho imensa pena (e, neste caso, a minha pena nao e de "caridade" mas sim de revolta de nao poder fazer nada para o mudar).
Ja varias vezes falei deste assunto com a minha mulher (quando oico casos nas noticias ou vejo alguem falar de transsexuais).
So espero que as coisas um dia melhorem para todos os que sao diferentes da norma porque isso sim e liberdade.
Como sugestao, ja pensaste em usar o espaco de resposta / comentario a artigos que os jornais costumam ter?
Cumprimentos e boa sorte!
Luis Silva
At 24 fevereiro, 2011 09:47, Unknown said…
Recebi o seguinte comentário:
sarita deixou um novo comentário na sua mensagem "Novamente os media vêm ao barulho. E, para não var...":
The world is talking, we are listening:
http://globalvoicesonline.org/2011/02/22/portugal-fight-against-prejudice-on-transgenderism/
Quando fui para a publicar, como os comentários são moderados para evitar abusos, o comentário tinha desaparecido.
Portanto aqui fica o seu testemunho, e a quem o enviou as minhas desculpas mas não faço ideia do que se passou.
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