COMUNICADO DE IMPRENSA
Ignorância ou Transfobia? O (des)tratamento jornalístico da transexualidade,
24 de Fevereiro de 2011
Numa notícia de 23 de Fevereiro intitulada “Associação Panteras Rosa quer espaço público no Porto contra discriminação” da Agência Lusa, pode-se observar o tratamento indigno e indecoroso com que Gisberta Salce Júnior é tratada por esta agência de informação, bem como dos jornais que se baseiam nela.
Insistindo em denunciar o seu nome de baptismo, nome esse que é quantas vezes repudiado pelas pessoas transexuais, não se coibem em tratá-la no masculino apelidando-a de “o transexual”, o que é declaradamente ofensivo e degradante tanto para a pessoa que foi Gisberta como para a comunidade transexual no seu todo.
Como integrantes dessa comunidade, vimos aqui denunciar este situação e expressar o nosso mais profundo repúdio por tal tratamento, ainda por cima feito por uma instituição tão conhecida como a Agência Lusa.
É difícil discernir se tal tratamento é devido a ignorância de quem redigiu a notícia, se traduz um sentimento de transfobia interiorizada. Seja porque razão for, é um tratamento indigno de uma instituição tão conceituada no nosso meio noticioso, e um tratamento indigno para Gisberta em particular, ainda por cima quando se multiplicam as acções em sua memória.
Também a colagem de um declarado caso de transfobia à homofobia é lamentável em todos os aspectos, bem como a colagem da transexualidade à homossexualidade. Gisberta Salce Júnior não era homossexual nem foi vítima de um crime homofóbico.
Era uma mulher transexual, não um homossexual, e como mulher transexual era heterossexual. A transexualidade tem a ver com a Identidade de Género da pessoa que não tem nada a ver com a orientação sexual de cada pessoa.
Assim pedimos que cesse de imediato esse tratamento lamentável e degradante para com as pessoas transexuais e que de futuro se passe efectivamente a respeitar a Identidade de Género das pessoas em causa tratando-as com o respeito e dignidade que elas merecem como seres humanos e como vítimas tanto da sociedade como da transfobia.
Eduarda Santos, activista transexual independente
Lara Crespo, activista transexual independente
Subscrito por:
Jó Bernardo, Paris/França
Paula Antunes/Caleidoscópio LGBT
API - Associação pela Identidade, intervenção transexual e intersexo
João Paulo/PortugalGay.pt
Sérgio Vitorino, activista
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