A notícia caiu como uma bomba. Na mesma altura em que Cavaco Silva tinha de engolir mais um sapo devido à sua postura anti-transexual, ao ser forçado a promulgar a lei de alteração de nome e sexo, o único cirurgião a fazer as cirurgias de redesignação sexual em Portugal abandonava o SNS.
As cirurgias cessavam.
Ao ser-lhe proposta uma remuneração de seis euros por hora, menos do que se paga a mulheres-a-dias em muitos sítios, não teve outra hipótese senão abandonar. Tal degradante proposta só pode ter tido, a meu ver, um propósito: forçar a saída do Dr.
Não há outra explicação para uma proposta destas a um cirurgião que não só era o único a fazer este tipo de cirurgias, o que devia ter sido obrigatoriamente tomado em conta, tanto pela administração do HSM como pelo Ministério da Saúde, como também é o cirurgião responsável por uma técnica inovadora, baseada numa outra de um outro médico, sem paralelo a nível mundial e que garante uma qualidade muito superior às outras técnicas em uso.
Só estas duas razões deviam servir para a nossa Ministra da Saúde ter estes factores em atenção e dar uma especial atenção a este caso.
Entretanto, já a Ordem dos Médicos, por intermédio de Celso Cruzeiro, membro da direcção do Colégio da Especialidade de Cirurgia Plástica, acusou a responsabilidade por esta situação conjuntamente com o Ministério da Saúde.
Isto deve-se a um autismo existente na dita Ordem que, por não ouvir as activistas transexuais existentes em assuntos que lhes dizem respeito, foi “apanhado de surpresa”. É que eu já há uns anos que vinha avisando que isto iria acontecer. Portanto não pode alegar desconhecimento. Pode, isso sim, alegar autismo institucional.
Mais grave é aviltrar a hipótese de se mandar vir um cirurgião do estrangeiro. É que a qualidade das cirurgias feitas pelo Dr. Décio não tem paralelo neste momento. Portanto uma vinda de um cirurgião estrangeiro, além de ficar mais onerosa seria uma perca de qualidade nestas cirurgias.
Convenhamos, uma pessoa transexual vai ficar o resto da vida com o resultado desta cirurgia. Isse vai-se reflectir obrigatoriamente na qualidade de vida da pessoa. Portanto menos qualidade na cirurgia é igual a menos qualidade de vida. A lógica é simples e nada complicada de entender.
E mais grave ainda é isto acontecer quando, depois de anos à procura, o Dr Décio tinha finalmente encontrado alguém a quem passar o seu saber e experiência, para que não se perca uma técnica inovadora e que representa uma melhoria substancial relativamente às outras técnicas.
Seria muito mais lógico aguentar-se o Dr por mais dois anos para poder formar o interno em condições e passar a sua técnica para que continue a haver profissionais em Portugal capazes de realizarem este tipo de cirurgias com a qualidade necessária.
Porque não se deve passar o resto do tempo a angariar médicos estrangeiros para virem para Portugal. Qualidade temos cá, não precisamos neste campo de lições de fora. Muito pelo contrário. E a longo prazo vai-se poupar dinheiro. O que pagariam a esses médicos estrangeiros paguem ao Dr para ele poder ensinar convenientemente o seu recente pupilo.
A hipótese de vir um estrangeiro devia ser equacionada sim, se tivesse acontecido algum problema ao Dr Décio que o impedisse de passar o seu saber e experiência. Nunca neste caso em que O Dr está perfeitamente capaz de continuar.
A Ordem dos Médicos devia era entrar já em contacto com o Ministério da Saúde para resolver o problema relativo ao Dr Décio, em vez de equacionar já a vinda de um cirurgião estrangeiro. E acabar com a prática lesiva para as pessoas transexuais e para o estado português de emisão de uma autorização para estas cirurgias. Não faz sentido nenhum, atrasa o processo, aumenta a despesa e não traz benefícios nenhuns.
Mais, antes de se equacionar essa vinda, e não havendo vontade política de resolver o problema, deve-se contar com a possibilidade avançada pelo Dr Décio de realizar estas cirurgias no Hospital de Jesus. Resolve o problema das cirurgias, mantém a qualidade e permite a passagem de testemunho do Dr para o interno. Que deve ser a prioridade máxima, a passagem da experiência e da técnica para gerações futuras, de modo a que este tipo de situações não se repitam.
Convenhamos, não estou a defender o Dr Décio só por ser o Dr Décio. Toda a gente sabe que discordo em muitas coisas que o Dr diz, como exemplifiquei num comentário a declarações feitas pelo cirurgião. Mas sempre reconheci que o Dr nas cirurgias sabe o que faz
É que não são só 20 as pessoas à espera de cirurgias, nem o número de transexuais em Portugal se limita a duzentos. Muitas pessoas transexuais, devido à morosidade destes processos que deviam durar dois anos mas que em demasiados casos demoram cinco e mais anos, e devido ao tratamento quantas vezes inadequado e contraproducente feito pelos profissionais no SNS, provocando uma emigração forçada de transexuais para o estrangeiro.
Ora estes casos não são contabilizados nas estatísticas. Também os casos das pessoas transexuais que não desejam a CRS não o são. E os casos das pessoas transexuais que ainda se encontram nas várias fases do processo não o são. Portanto estes números pecam por defeito, pois muitas pessoas transexuais não são contabilizadas nas estatísticas.
E em relação às cirurgias complementares? Por exemplo, a colocação de próteses mamárias nas transexuais femininas? Estas cirurgias podem perfeitamente ser realizadas por um outro qualquer cirurgião, não requerem a experiência nem as habilidades do Dr. Décio, logo não existe nenhum motivo para pararem. Enquanto se aguarda pela CRS nada justifica que não se façam. E toda a gente devia saber o quão importante é para uma mulher transexual ter o seu peito. Ou o contrário no caso dos transexuais masculinos. Ou a eliminação dos testículos, que como cirurgia não representa mais que uns dez minutos de operação e que permite às mulheres transexuais pararem com parte da medicação (anti-androgéneos) que lentamente vão minando a saúde das pessoas podendo provocar (embora não sendo causa directa) tromboflebites? Isto também não necessita de um especialista.
Pelo menos que se vá fazendo alguma coisa.
As cirurgias cessavam.
Ao ser-lhe proposta uma remuneração de seis euros por hora, menos do que se paga a mulheres-a-dias em muitos sítios, não teve outra hipótese senão abandonar. Tal degradante proposta só pode ter tido, a meu ver, um propósito: forçar a saída do Dr.
Não há outra explicação para uma proposta destas a um cirurgião que não só era o único a fazer este tipo de cirurgias, o que devia ter sido obrigatoriamente tomado em conta, tanto pela administração do HSM como pelo Ministério da Saúde, como também é o cirurgião responsável por uma técnica inovadora, baseada numa outra de um outro médico, sem paralelo a nível mundial e que garante uma qualidade muito superior às outras técnicas em uso.
Só estas duas razões deviam servir para a nossa Ministra da Saúde ter estes factores em atenção e dar uma especial atenção a este caso.
Entretanto, já a Ordem dos Médicos, por intermédio de Celso Cruzeiro, membro da direcção do Colégio da Especialidade de Cirurgia Plástica, acusou a responsabilidade por esta situação conjuntamente com o Ministério da Saúde.
Isto deve-se a um autismo existente na dita Ordem que, por não ouvir as activistas transexuais existentes em assuntos que lhes dizem respeito, foi “apanhado de surpresa”. É que eu já há uns anos que vinha avisando que isto iria acontecer. Portanto não pode alegar desconhecimento. Pode, isso sim, alegar autismo institucional.
Mais grave é aviltrar a hipótese de se mandar vir um cirurgião do estrangeiro. É que a qualidade das cirurgias feitas pelo Dr. Décio não tem paralelo neste momento. Portanto uma vinda de um cirurgião estrangeiro, além de ficar mais onerosa seria uma perca de qualidade nestas cirurgias.
Convenhamos, uma pessoa transexual vai ficar o resto da vida com o resultado desta cirurgia. Isse vai-se reflectir obrigatoriamente na qualidade de vida da pessoa. Portanto menos qualidade na cirurgia é igual a menos qualidade de vida. A lógica é simples e nada complicada de entender.
E mais grave ainda é isto acontecer quando, depois de anos à procura, o Dr Décio tinha finalmente encontrado alguém a quem passar o seu saber e experiência, para que não se perca uma técnica inovadora e que representa uma melhoria substancial relativamente às outras técnicas.
Seria muito mais lógico aguentar-se o Dr por mais dois anos para poder formar o interno em condições e passar a sua técnica para que continue a haver profissionais em Portugal capazes de realizarem este tipo de cirurgias com a qualidade necessária.
Porque não se deve passar o resto do tempo a angariar médicos estrangeiros para virem para Portugal. Qualidade temos cá, não precisamos neste campo de lições de fora. Muito pelo contrário. E a longo prazo vai-se poupar dinheiro. O que pagariam a esses médicos estrangeiros paguem ao Dr para ele poder ensinar convenientemente o seu recente pupilo.
A hipótese de vir um estrangeiro devia ser equacionada sim, se tivesse acontecido algum problema ao Dr Décio que o impedisse de passar o seu saber e experiência. Nunca neste caso em que O Dr está perfeitamente capaz de continuar.
A Ordem dos Médicos devia era entrar já em contacto com o Ministério da Saúde para resolver o problema relativo ao Dr Décio, em vez de equacionar já a vinda de um cirurgião estrangeiro. E acabar com a prática lesiva para as pessoas transexuais e para o estado português de emisão de uma autorização para estas cirurgias. Não faz sentido nenhum, atrasa o processo, aumenta a despesa e não traz benefícios nenhuns.
Mais, antes de se equacionar essa vinda, e não havendo vontade política de resolver o problema, deve-se contar com a possibilidade avançada pelo Dr Décio de realizar estas cirurgias no Hospital de Jesus. Resolve o problema das cirurgias, mantém a qualidade e permite a passagem de testemunho do Dr para o interno. Que deve ser a prioridade máxima, a passagem da experiência e da técnica para gerações futuras, de modo a que este tipo de situações não se repitam.
Convenhamos, não estou a defender o Dr Décio só por ser o Dr Décio. Toda a gente sabe que discordo em muitas coisas que o Dr diz, como exemplifiquei num comentário a declarações feitas pelo cirurgião. Mas sempre reconheci que o Dr nas cirurgias sabe o que faz
É que não são só 20 as pessoas à espera de cirurgias, nem o número de transexuais em Portugal se limita a duzentos. Muitas pessoas transexuais, devido à morosidade destes processos que deviam durar dois anos mas que em demasiados casos demoram cinco e mais anos, e devido ao tratamento quantas vezes inadequado e contraproducente feito pelos profissionais no SNS, provocando uma emigração forçada de transexuais para o estrangeiro.
Ora estes casos não são contabilizados nas estatísticas. Também os casos das pessoas transexuais que não desejam a CRS não o são. E os casos das pessoas transexuais que ainda se encontram nas várias fases do processo não o são. Portanto estes números pecam por defeito, pois muitas pessoas transexuais não são contabilizadas nas estatísticas.
E em relação às cirurgias complementares? Por exemplo, a colocação de próteses mamárias nas transexuais femininas? Estas cirurgias podem perfeitamente ser realizadas por um outro qualquer cirurgião, não requerem a experiência nem as habilidades do Dr. Décio, logo não existe nenhum motivo para pararem. Enquanto se aguarda pela CRS nada justifica que não se façam. E toda a gente devia saber o quão importante é para uma mulher transexual ter o seu peito. Ou o contrário no caso dos transexuais masculinos. Ou a eliminação dos testículos, que como cirurgia não representa mais que uns dez minutos de operação e que permite às mulheres transexuais pararem com parte da medicação (anti-androgéneos) que lentamente vão minando a saúde das pessoas podendo provocar (embora não sendo causa directa) tromboflebites? Isto também não necessita de um especialista.
Pelo menos que se vá fazendo alguma coisa.
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