Ok, regressei em força. Fui à Marcha do Porto, da qual lhes falarei mais à frente, e por isso desde sexta-feira o blog esteve parado. Actualizemos então o blog....
Transsexual: autópsia não confirma agressão sexual
Perito médico-legal encontrou lesões. Mas incapazes de provocar a morte
O médico do Instituto Nacional de Medicina Legal do Porto, ouvido esta sexta-feira no julgamento dos 13 menores envolvidos na morte de um transsexual, referiu que os exames ao corpo da vítima não identificaram lesões no ânus da vítima que sustentem a tese das agressões sexuais, designadamente, a introdução de um pau de cinco centímetros de diâmetro e um metro de comprimento.
Ouvido esta tarde, durante cerca de duas horas, por indicação do Ministério Público, o médico legista que realizou a autópsia de «Gisberta», confirmou a existência de lesões traumáticas na vítima, mas que não conduziriam à morte. Referiu por outro lado que não encontrou feridas abertas ou fracturas na vítima e que, numa pessoa normal, as lesões ficariam curadas em 15 dias. Tratando-se, como referiu, de um doente com sida em fase terminal, essa recuperação poderia levar mais algumas semanas.
O médico refere que as lesões traumáticas foram provocadas por «objectos contundentes ou actuando como tal», podendo aqui incluir-se paus e pedras.
Recorde-se que autópsia revelou que a vítima morreu afogada. O Ministério Público refere que seis jovens terão atirado o corpo para um poço coberto de água dentro do parque de estacionamento habitado pelo transexual, convencidos de que a vítima não resistira às lesões e falecera.
Nem todos admitem as agressões
Durante toda a semana, o Tribunal de Família e Menores do Porto ouviu os 13 menores a quem o Ministério Público imputa os crimes de homicídio qualificado tentado e profanação de cadáver, igualmente tentado, ocorridos em Fevereiro deste ano. Por serem menores não respondem criminalmente, mas podem ter de cumprir medidas de internamento em centro educativo.
Um menor recusou prestar depoimento e outro apenas aceitou falar de si, e do seu envolvimento no caso, recusando sempre respostas que envolvessem os colegas.
Todos admitiram que frequentavam o parque de estacionamento em que a vítima, sem-abrigo, residia, mas apenas alguns admitiram que molestavam fisicamente a vítima, com o intuito de se divertirem. Negaram sempre a intenção de a matar.
Outros menores negaram sequer que alguma vez a tivessem agredido, muito embora reconhecessem que assistiam a tudo sem nada fazer para o impedir.
O comunicado do Tribunal, emitido a meio da tarde, refere que nos dias 11 e 12 de Julho, pelas 9.30 horas, iniciar-se-á a inquirição das testemunhas pelo Ministério Público.
O Ministério Público arrolou 14 testemunhas. A primeira é o menor de 16 anos, que chegou a estar em prisão preventiva e que por ser imputável já responde criminalmente. O inquérito criminal ainda está a decorrer.
Seguem-se inspectores da PJ, agentes da PSP, a directora de uma instituição de solidariedade social «Migalha de Amor» que a vítima chegou a frequentar, docentes da escola que os menores frequentavam, bem como os directores das instituições que os acolhiam.
(Esta notícia recebi-a via email. Fiz uma busca na net a procurar a fonte, mas não a encontrei. Assim que souber de onde a retiraram, actualizarei este post)
PÚBLICO - EDIÇÃO IMPRESSA - NACIONAL
Domingo, 9 de Julho de 2006
"Nem menos, nem mais, direitos iguais"
Primeira marcha do orgulho LGBT do Porto sem incidentes, apesar da presença de nacionalistas
As palavras de ordem alternavam, alegres, nas vozes incansáveis. Ora "Nem menos, nem mais, direitos iguais", ora "Eu amo quem quiser, seja homem ou mulher". A primeira Marcha do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trangéneros) do Porto saiu ontem. Sem exuberâncias. Por "um presente sem violência", por "um futuro sem diferença".
O Campo 24 de Agosto, ponto de partida do desfile, amanheceu marcado. No balneário municipal, alguém escreveu: "Paneleiros? Não, obrigado". Do outro lado da via: "Paneleiros para a fogueira". Já por volta das 15h00, os activistas concentravam-se e, a uns metros, meia dúzia de nacionalistas tentava içar um cartaz: "Não ao lobby gay". A polícia obrigou-os a guardar o material. Guardaram-no, mas acompanharam a marcha até ao fim (não sem forte vigilância).
A parada arrancou no cenário da morte da transexual e sem-abrigo Gisberta. Gisberta tornou-se um símbolo. "Pelas debilidades e factores de exclusão que acumulava, é um exemplo da incapacidade do Estado em garantir políticas sociais [...] que combatam a exclusão e a degradação do ser humano", sustentava o manifesto distribuído no fim.
O desfile cumpriu-se ao rufar de bombos. Com uma bandeira gigante. Com faixas em prol do reconhecimento de direitos LGBT, mas também da despenalização da aborto. "As pessoas começam a ficar fartas da hipocrisia", interpretava Júlio Esteves, um dos muitos participantes - 200 segundo a polícia, 500 segundo a organização, uns poucos com máscara. Presentes estiveram o BE e o Partido Humanista.
Houve protestos ("Andor! Andor!", resmungava uma rapariga que queria apanhar o autocarro). Alguma troça ("As bichas lá conseguiram parar o trânsito!", ria-se um homem). Muito espanto ("Ai! Meu Deus!", exclamava uma mulher). Mas também reconhecimento (Aceito e respeito", afiançava um rapaz de 15 anos).
A parada pelos direitos humanos - a começar pela "igualdade, independentemente da orientação sexual e da identidade de género" - terminou sem confrontos, na Praça D. João I. A organização revelava-se agradada com o grau de participação e elogiava o trabalho da polícia. "Sendo a primeira, está mais gente do que esperava", comentava Dina Nunes, que veio de propósito de Lisboa com umas amigas para desfilar.
Ana Cristina Pereira
PortugalDiário - 2006/07/08
Marcha gay no Porto - Perante a indiferença, a curiosidade e a indignação da população
Correio da Manhã - 2006-07-09
Porto - primeira marcha de orgulho gay: Lembrar a Gis